O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em entrevista concedida ao “Roda Viva”, da TV Cultura, na noite dessa segunda-feira (11), disse que não conhece a Amazônia nem o líder seringueiro Chico Mendes, reconhecido internacionalmente como referência da causa ambiental.
Segundo o ministro, o que ele sabe é de "ouvir falar", com "histórias de todos os lados". Salles disse que ser reconhecido pela ONU, conforme lembrou o apresentador Ricardo Lessa, não quer dizer nada.
O ministro reagiu à informação afirmando que a ONU também comete muitos erros para em seguida acrescentar: “Eu não conheço o Chico Mendes, escuto histórias de todos os lados. Dos ambientalistas mais ligados à esquerda, que o enaltecem. E das pessoas do agro que dizem que ele não era isso que contam. Dizem que usava os seringueiros pra se beneficiar”, afirmou. Lessa rebateu: “Se beneficiar do que? Ele é reconhecido pela ONU”. O ministro, então, disparou: “O que importa quem é Chico Mendes agora?”.
Perfil
Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes (1944-1988), foi um líder seringueiro, sindicalista e ativista ambiental brasileiro. Lutou pela preservação da Floresta Amazônica e suas seringueiras nativas. Recebeu da ONU o Prêmio Global de Preservação Ambiental.
A liderança de Chico Mendes na luta dos seringueiros e na preservação da floresta atingiu repercussão nacional e internacional. Em 1987 proferiu um discurso na reunião do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Miami (EUA).
Nesse mesmo ano, Chico Mendes recebeu em Xapuri uma comissão da ONU que viu de perto a destruição da floresta e a expulsão dos seringueiros. Dois meses depois o financiamento foi suspenso e o BID exigiu do governo brasileiro o estudo do impacto ambiental na região.
O Senado americano, onde Chico Mendes também foi convidado a falar, fez recomendações a diversos bancos que também financiavam projetos na região. No mesmo ano Chico Mendes recebeu da ONU o Prêmio Global 500, de Preservação Ambiental.
Em 1988 é criada no Acre, a União Democrática Ruralista (UDR). Nesse mesmo ano Chico Mendes participa da criação da primeira reserva extrativista do Acre.
Durante todo o ano de 1988, Chico Mendes recebeu ameaça de morte por grupos ligados à organizações clandestinas que desmatavam a região. Após inúmeros conflitos, Chico Mendes foi assassinado, com tiros de escopeta, ao sai de sua casa em Xapuri.
Chico Mendes faleceu em Xapuri, no Acre, no dia 22 de dezembro de 1988, deixando a esposa Ilzamar Gadelha Mendes os filhos Sandino e Elenira e Ângela, filha do primeiro casamento.
A casa onde Chico Mendes morou em Xapuri, no Acre, e foi reformada e transformada em "Memorial Chico Mendes" e recebe um grande número de visitantes.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, foi fundado em 28 de agosto de 2007 com o objetivo de implantar, gerir, proteger, fiscalizar e monitorar as Unidades de Conservação implantadas pela União.