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Estado de Minas

Coluna do Baptista Chagas de Almeida

Bebbiano foi um dos integrantes do governo que mais se empenharam durante a campanha eleitoral, em especial quando Bolsonaro estava hospitalizado


postado em 19/02/2019 12:00 / atualizado em 19/02/2019 07:55



Dois ex-presidentes e sem ter indigestão

Não dá pra resistir à piada pronta de agência de notícias logo na manhã de ontem: Bolsonaro já está no Planalto e agenda prevê apenas despachos internos. O principal, óbvio, foi despachar Gustavo Bebianno. A exoneração do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, que ainda não tinha sido publicada no Diário Oficial da União (DOU), só iria ser anunciada oficialmente já no fim da tarde, com um pronunciamento do porta-voz, o general de divisão Otávio Santana do Rêgo Barros.

Se o foco era para ser a reforma da Previdência, ela foi aposentada no noticiário político. Óbvio que por medo de sua tramitação ser contaminada. A oposição está adorando essa confusão toda. Tanto que o governo definiu que a prioridade absoluta é ela. O pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, foi colocado na fila de espera. Como a reforma deve demorar para ser votada, o jeito é Moro ficar sentado para não se cansar de esperar.

Enquanto isso, o ex-presidente Michel Temer (MDB) dava entrevista, na hora do almoço, à Rádio Bandnews FM e tratou do episódio: “Ele passou 18 dias no hospital, ficou em Davos (no Fórum Econômico Mundial), tem pouco tempo. Tem que dar crédito”.

Uai, o emedebista tucanou? Então chama o tucano de fato, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que estava na mesma entrevista. E, claro, também subiu no muro: “Sempre procurei esvaziar crise. Dizia que a crise entrava grande no meu gabinete, e saía pequena”. Disse ainda: “Amigos, família, tudo isso é problemático para quem está no governo”.

A expectativa durou até as 18h25, quando o porta-voz Otávio do Rêgo Barros, no seu briefing com os jornalistas, tratou da demissão de Gustavo Bebianno. E foi curto e grosso, ao ressaltar que o presidente Jair Bolsonaro “agradeceu a dedicação e desejou sucesso em sua nova caminhada”.

Afinal, Bebbiano foi um dos integrantes do governo que mais se empenharam durante a campanha eleitoral, em especial quando Bolsonaro estava hospitalizado. Indagado sobre os motivos do presidente, o porta-voz ressaltou que a decisão foi de “foro íntimo do presidente” e, de novo, “desconheço a informação”, sem suposição.

E como tudo na política nacional tem que passar obrigatoriamente por Minas Gerais, mudou de assunto. Passou para Brumadinho e usinas termelétricas. Resta saber como serão os próximos passos do governo e o quanto essa confusão toda pode interferir na agenda do Palácio do Planalto. Afinal, no meio do caminho tem, nada menos, a reforma da Previdência. Não foi à toa que houve os tais elogios dirigidos a Bebbiano. Se vai dar certo, ainda é cedo para descobrir.

 

A dissimulada
É piada pronta, só pode ser isso. Não há outra explicação. Afinal, a comissão é de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Se tem a Capitu, a dissimulada personagem de Machado Assis no meio do caminho, só poder ter sido provocação. Para que fique claro de uma vez, Capitu é a operação que investigou o esquema de arrecadação de propina dentro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na época comandado pelo ex-vice-governador Antônio Andrade.

 

O reconduzido
Para lembrar, foi aquele esquema para beneficiar políticos do MDB, por meio de dinheiro repassado pela JBS e que teve desdobramento em Minas com o deputado João Magalhães (foto) (MDB), que foi reconduzido ao comando da comissão. E olha que mesmo com um histórico desse, ele não gerou nenhum constrangimento entre os colegas da comissão. Como se diz, fazer o quê, não é?

 

Cinematógrafo
Se era branco ou preto, pouco importa, já faz tanto tempo que nem precisava voltar às notícias. Só que, sexta-feira passada Marighella voltou mais uma vez e cinematograficamente. Literalmente, o filme sobre ele foi exibido no Festival de Cinema de Berlim. E quem foi assistir é o “exilado por contra própria” e ex-deputado federal Jean Wyllys (Psol). “Minha vida ainda está se assentando. Estou em Berlim, não tenho moradia, conto com ajuda de amigos”, declarou, acrescentando o que pretende fazer: doutorado ou ser admitido como pesquisador ou professor visitante.

 

Quem assume
É mais um militar, com direito a nome histórico. Será o general da reserva do Exército Floriano Peixoto Neto. É uma substituição óbvia, já que ele ocupava o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral, o vice-ministro na prática, para quem desconhece os termos oficiais. Agora é o ministro de fato, não o eventual substituto como antes. Se ele veio da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), pouco mais é necessário acrescentar, já que ela é uma das mais, ou a mais, para alguns militares, importante das Forças Armadas. Foi lá que o presidente Jair Bolsonaro iniciou sua carreira.

Todos lá!
“Quero todos os comissionados no bloco de meio-dia, independentemente de ser crente, espírita, católico, de não gostar de carnaval. Quero todos os cargos comissionados. Também não participo de carnaval, mas eu vou dar apoio ao show da minha noiva, futura esposa Taty Dantas.” Calma, gente! É só o prefeito de Camaragibe, Demóstenes Meira (PTB), mandando e ameaçando: “Vou fazer uma filmagem, vou gravar todos os cargos comissionados que estiverem presentes, ok?”. Vem de longe, Camaragipe fica em Pernambuco e é óbvio que o procurador-geral de Justiça de lá, Francisco Dirceu Barros, entrou em ação.

 

PINGA FOGO

 

Antes de o presidente Jair Bolsonaro jantar o cargo de Bebbiano, o senador Major Olímpio (PSL), a deputada federal Joice Hasselmann (PSL) e a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL) defenderam o agora ex-ministro em evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

O detalhe é que eles participaram de mais uma piada pronta, já que foi durante um almoço oferecido pela Fiesp. “Pelo episódio em que foram colocadas eventuais prestações de contas e licitações”, entre outras coisas, consideraram que a demissão do Bebianno “seria absolutamente injusta”.

 

Nessa confusão toda, embora em plena segunda-feira, chama a atenção o silêncio ensurdecedor dos presidentes tanto da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quanto do Senado, Davi Alcolumbre (foto) (DEM-AP).

Se ingratidão diante do caso de Gustavo Bebbiano não foi virtude e muito menos obrigação por causa dos filhinhos do presidente Jair Bolsonaro, mesmo ele tratando que pode ter havido “incompreensões”, já chega.

Afinal, a sinceridade pouca citada na declaração do papai Bolsonaro já é suficiente. Diferentes pontos de vista sobre questões relevantes trouxeram a necessidade de uma reavaliação… Calma, gente! É o próprio presidente dizendo.


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