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Estado de Minas

Mensagens de celular revelam troca de acusações entre Bolsonaro e Bebianno

Os áudios foram revelados por revista na tarde desta terça-feira (19/2), um dia após a demissão do Secretário-Geral da Presidência


postado em 19/02/2019 14:45 / atualizado em 19/02/2019 15:06

(foto: Ed Alves/CB/D.A Press)
(foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

Uma série de mensagens escritas e de áudio mostra que os dias que antecederam a demissão de Gustavo Bebianno foram marcados por muita desconfiança e troca de acusações entre o presidente Jair Bolsonaro e o agora ex-Secretário-Geral. As conversas foram divulgadas pelo site da revista Veja na tarde desta terça-feira (19/2).

 

Em determinado momento, Bolsonaro acusa Bebianno de plantar notas na imprensa e de tentar "empurrar para o colo" dele o escândalo envolvendo candidaturas laranjas, em Pernambuco, durante as eleições de 2018. Por sua vez, Bebianno acusa o filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), de mentir ao dizer que os dois não teriam conversado na terça-feira (12/2). O ex-ministro também acusou o verador de tentar derrubá-lo do governo.


 

Na terça-feira (12/2), Bebianno disse ao O Globo que não era parte de uma crise institucional e que tinha falado três vezes naquele dia com o presidente. Por meio do Twitter, Carlos Bolsonaro disse que esteve com o pai 24h no dia anterior e chamou o ex-ministro de mentiroso. “É uma mentira absoluta de Gustavo Bebbiano que ontem teria falado 3 vezes com Jair Bolsonaro", escreveu Carlos. A mensagem foi compartilhada pelo presidente também.



De acordo com as mensagens a qual a Veja teve acesso, o ex-ministro e o presidente de fato conversaram três vezes ao longo do dia, mas sobre outros assuntos diferentes à polêmica das candidaturas — uma mensagem fala sobre Bebianno receber o vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, e outras duas sobre uma viagem de ministros à Amazônia, que acabou cancelada.

 

 

Troca de farpas


 

 

Nas mensagens seguintes, Bolsonaro e Bebianno começam a trocar acusações. Após uma clara chateação do ex-ministro com o tuíte de Carlos Bolsonaro, chamando-o de mentiroso, o presidente afirma que o filho não está "incitando a saída" dele.

 

“O caso incitando a saída é mais uma mentira. Você conhece muito bem a imprensa, melhor do que eu. Agora: você não falou comigo nenhuma vez no dia de ontem. Ele esteve comigo 24 horas por dia. Então não está mentindo, nada, nem está perseguindo ninguém", afirmou Bolsonaro em áudio.

 

Bebianno tenta rebater ao dizer que há várias "formas de se falar", e garantiu que os dois se falaram três vezes, conforme ele havia dito ao jornal.

"Eu não sou mentiroso. Ontem eu falei com o senhor três vezes, sim. Falamos pelo WhatsApp. O que é que tem demais? Não falamos nada demais. A relevância disso… Tanto assunto grave para a gente tratar. Tantos problemas. Eu tento proteger o senhor o tempo inteiro. Por esse tipo de ataque? Por que esse ódio? O que é que eu fiz de errado, meu Deus?”, questiona.

 

O presidente voltou a dizer que a troca de mensagens não significa que os dois se falaram, e o acusou de ter "plantado" uma nota em um veículo de comunicação no qual teria influência para envolvê-lo na polêmica.

"Querer empurrar essa batata quente desse dinheiro lá pra candidata em Pernambuco pro meu colo, aí não vai dar certo. Aí é desonestidade e falta de caráter. Agora, todas as notas pregadas nesse sentido foram nesse sentido exatamente, então a Polícia Federal vai entrar no circuito, já entrou no circuito, pra apurar a verdade", disse Bolsonaro.

 

Bebianno se defendeu das acusações de ter influenciado na nota de um jornal e também negou ter vazado a informação de que estava tentando entrar em contato com o presidente, durante os dias em que esteve internado no hospital.

Após a confusão, Bebianno reafirmou que é inocente no caso das candidaturas laranjas, e sugere conversar pessoalmente depois.

"Eu tô vendo que o senhor está bem envenenado. Mas tudo bem, a minha consciência está tranquila, o meu papel foi limpo, continua sendo. E tomara que a polícia chegue mesmo à constatação do que foi feito, mas eu não tenho nada a ver com isso", concluiu.


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