As apurações das denúncias de um esquema de candidatas laranjas do PSL de Minas – vinculadas ao ministro do Turismo do governo Jair Bolsonaro (PSL), Marcelo Álvaro Antônio – se comprovadas, tipificam dois crimes: falsidade ideológica eleitoral, porque uma candidata teria obtido o registro eleitoral sem que fosse candidata de fato, e crime de apropriação indébita, já que os recursos públicos destinados à candidatura feminina teriam sido desviados indevidamente para favorecer outra campanha. As penas de reclusão para os crimes variam: para o crime de falsidade ideológica, de um a quatro anos de reclusão; no caso da apropriação indébita, de dois a seis anos.
Leia Mais
Ex-assessor do ministro do Turismo Marcelo Álvaro é exonerado da AssembleiaMinistro do Turismo recorre ao STF para garantir foro privilegiadoEm busca de foro no Supremo, ministro do Turismo já defendeu o fim da regaliaPF abre inquérito para investigar laranjas ligadas a ministro do TurismoFux nega foro e investigação sobre ministro do Turismo e 'laranjas' fica em MinasPGR defende que investigação sobre ministro do Turismo fique em 1ª instânciaO promotor eleitoral Fernando Ferreira Abreu se reuniu ontem com delegados da Polícia Federal, que também vão investigar o caso. Ele vai encaminhar o material do caso à Polícia Federal na quarta-feira com os termos de depoimentos de pelo menos sete pessoas envolvidas, já que as oitivas estão marcadas para os próximos dias. Com esses documentos, a Polícia Federal, que também recebeu uma representação da aposentada Cleuzenir Barbosa, vai abrir um inquérito e entrar na investigação.
O esquema de candidaturas femininas laranjas no PSL foi denunciado pelo jornal Folha de S.Paulo, segundo o qual quatro candidatas a deputada estadual e federal do interior de Minas receberam R$ 279 mil da direção nacional do PSL – integrando a lista das 20 candidaturas que mais receberam recursos da sigla no país –, não obstante tenham tido uma votação pífia, de cerca de 2 mil votos.
Segundo o promotor Fernando Ferreira Abreu, o trabalho de investigação está se iniciando – até agora, houve apenas uma oitiva em Governador Valadares, a da aposentada Cleuzenir Barbosa, cuja filiação ao PSL foi feita em Brasília e registrada em vídeo, ao lado do então candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro e do então deputado e hoje ministro Marcelo Álvaro Antônio.
Em seu depoimento aos órgãos de investigação, Cleuzenir – que se sentindo ameaçada e temerosa por ter denunciado está agora em Portugal – contou ter sido coagida por assessores de Álvaro Antônio a devolver recursos do fundo público de campanha sob a forma de contratação de uma gráfica, com a qual não havia feito serviço algum.
Segundo Cleuzenir relatou, as mulheres foram usadas para, por meio de subterfúgios, desviar os recursos destinados à cota de candidaturas femininas para o caixa da chapa do ministro, eleito o deputado mais votado por Minas Gerais. Em nota divulgada na terça-feira passada, Marcelo Álvaro Antônio declarou nunca ter orientado qualquer assessor a praticar ato ilícito e que, ao tomar conhecimento da denúncia, determinou que ela fosse apurada. Segundo ele, Cleuzenir teria sido chamada a prestar esclarecimentos, mas nunca apresentou qualquer indício que atestasse a veracidade das acusações.
.