Antes de se tornarem correligionários no PSL, ainda colegas na Câmara dos Deputados, Jair Bolsonaro e Marcelo Álvaro Antônio mostravam afinidade na defesa de projetos como a redução da maioridade penal e a volta do voto impresso nas eleições. No final de 2017 – sem saber em qual legenda se filiaria para disputar a Presidência da República – Bolsonaro apontou Marcelo como seu escolhido para organizar seus grupos de apoio em Minas Gerais. Agora no comando do Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro está sendo pressionado a demitir o ministro mineiro do Turismo, investigado pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) em esquema de candidaturas laranjas na eleição de 2018.
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Do Barreiro à Esplanada
Filho do ex-deputado Álvaro Antônio Teixeira Dias (Arena/PP/PMDB/ PDT), Marcelo Henrique Teixeira Dias adotou o nome do pai ao ingressar na política, em 2012. A ideia era aproveitar a popularidade de seu pai na região do Barreiro (uma das maiores regionais da capital mineira, onde moram cerca de 300 mil pessoas) para conquistar votos e garantir uma vaga na Câmara Municipal de Belo Horizonte.
Com 9 mil votos e uma campanha defendendo a renovação no Legislativo, Marcelo Álvaro Antônio estreou na política pelo Partido Republicano Progressista (PRP) e foi o nono vereador mais votado em 2012.
Em 2016, o então deputado tentou mudar novamente de cargo e se candidatou à Prefeitura de BH, dessa vez pelo Partido da República (PR). Com 32 mil votos (2,71% dos votos válidos), ele foi o penúltimo colocado no primeiro turno. No segundo turno declarou apoio ao candidato Alexandre Kalil e fez campanha ao lado do ex-presidente do Atlético na região de Barreiro.
No ano passado, o parlamentar mineiro ganhou visibilidade ao se transformar no principal nome de apoio do então candidato Jair Bolsonaro em Minas. Marcelo Álvaro se filiou ao PSL logo após Bolsonaro se decidir pela legenda e passou a organizar todos os eventos de campanha do correligionário no estado. Coube a ele até mesmo amenizar algumas declarações polêmicas do presidenciável durante eventos de campanha.
“O compromisso dele com a democracia é muito claro. Jair Bolsonaro é um democrata.
O nome do deputado mineiro foi cogitado para disputar a vice-presidência após a advogada Janaína Paschoal e Luiz Philippe de Orleans e Bragança rejeitarem entrar na chapa de Bolsonaro. “Estou pronto para a missão”, afirmou. No entanto, Bolsonaro preferiu chamar um nome das Forças Armadas para concorrer como vice-presidente.
Após a eleição, Marcelo Álvaro Antônio – que se reelegeu deputado com a maior votação em Minas Gerais, mais de 230 mil votos – foi um dos parlamentares mais festejados pelo presidente e considerou o convite para a Esplanada dos Ministérios como pessoal de Bolsonaro e não uma indicação do PSL. Apesar de nunca ter apresentado qualquer proposta voltada para a área do turismo em seu mandato parlamentar, ele foi nomeado para a pasta. Aos 45 anos, o político mineiro assumiu um cargo de destaque em Brasília.
Disputas no PSL
Passada a festa da eleição, o parlamentar mineiro foi alvo de ataques dentro do próprio partido. A primeira crise partiu do deputado Alexandre Frota (PSL), que o acusou de nomear para a equipe de transição um “petista” e “lobista do setor de medicamentos”.
”Frota, dizer que uma pessoa é petista por ela aparecer ao lado da ex-presidente Dilma em um evento do Pronatec, sendo essa pessoa dona de uma empresa de tecnologia, em um evento institucional? Senhor Frota, serei o primeiro a colaborar para que o governo Jair Bolsonaro seja ético e com muita transparência. Peço que o senhor publique minha resposta e aguardo o senhor me enviar todos os elementos de sua denúncia sobre o lobby (no setor de medicamentos)”, rebateu o mineiro. Foi preciso que o presidente entrasse no meio da disputa e pedisse moderação aos deputados.
Nessa semana, a deputada Janaína Pachoal (PSL) defendeu que o ministro do Turismo seja afastado do cargo por causa do suposto esquema de candidaturas laranjas. Em suas redes sociais, a parlamentar avaliou que retirá-lo do cargo não significaria reconhecer sua culpa, mas garantiria a ele a chance de dar explicações sobre as investigações. “Diante dos relatos que não param de surgir, assombrando a eleição do ministro, penso que seria prudente afastá-lo, para que ele tenha melhores condições de comprovar sua inocência”, afirmou Janaína.
Procurado pela reportagem, o ministro não atendeu às ligações, mas por meio de suas redes sociais negou que houve esquema de candidaturas laranjas em Minas e agradeceu a confiança do presidente Bolsonaro, que o manteve no cargo apesar da pressão dentro do próprio partido. “Obrigado pela confiança, presidente Jair Bolsonaro! Apesar de tentativas como a da foice de SP de atingir o governo, seguimos fortes no propósito de transformar o turismo no próximo vetor de desenvolvimento do Brasil”, disse..