Brasília – Após ser apresentado na Câmara, o projeto anticrime, elaborado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, vai enfrentar um longo caminho no Congresso. Nesta semana, os deputados devem montar a equipe da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A composição deste grupo será fundamental para definir os rumos do projeto na casa legislativa. O trâmite legislativo também dependerá da credibilidade do governo, que vem sofrendo com denúncias que abalam as estruturas do Executivo e já levaram à queda do então secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno.
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Instituto dos Advogados manifesta 'preocupação' com pacote anticrime de MoroPlanalto traça estratégia para aprovar Previdência e pacote anticrime'Caixa 2 não é corrupção', diz Moro sobre fatiamento de projeto anticrimeEm declarações recentes, o ministro destacou que a separação ocorreu a pedido de parlamentares, que “reclamavam que caixa 2 não é tão grave quanto corrupção”. Moro não citou nomes.
Esse gesto do presidente da casa, Rodrigo Maia, revela afinidade com os interesses do Executivo. A CCJ tem 66 deputados e é a mais importante da casa. Seus integrantes analisam se os projetos estão de acordo com a Constituição Federal e as demais leis vigentes no país. É a primeira avaliação formal da proposta.
O projeto anticrime é acusado de violar alguns trechos da Carta Magna, como o fato de dar salvo conduto para que policiais matem durante o exercício da atividade e não sejam punidos, caso a situação fique caracterizada como legítima defesa. Questionado sobre o assunto, na semana passada, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (Dem-AP) afirmou que não é possível que a medida tramite enquanto o debate for as mudanças nas regras previdenciárias. “Não, não dá.
O professor Leandro Gabiati, mestre em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB), afirma que, por ter sido dividido, alguns pontos do projeto devem avançar, enquanto outros terão tramitação lenta ou serão jogados no escanteio pelos deputados e senadores. “Certamente o trecho do projeto que trata do combate à corrupção e o de mudanças no código penal vão avançar mais rápido. Já a parte que criminaliza o Caixa 2 mexe com muitos deputados. Ele deve ficar para trás. Ainda com toda a força política e legitimidade que o ministro tem, estamos falando de projeto de lei, que tem tramitação demorada”, afirma.
Plea Bargain
Outro item polêmico do projeto do ministro Sérgio Moro é o chamado “plea bargain”. Este dispositivo, usado em países como os Estados Unidos, é uma espécie de acordo de delação premiada no qual o suspeito confessa culpa e evita ir a julgamento. A medida encontra maior resistência entre os juristas, que dizem que, se aprovada, esta proposta vai permitir que autoridades que não têm poder de julgar influenciem nas penas de quem for condenado.
Nos Estados Unidos os acordos de plea bargain entre condenados e autoridades superam 90% de todos os casos penais. Em cidades como Detroit, esse índice chega a 99%.
O senador Lasier Martins (Pode-RS) acredita que alguns trechos do texto podem sofrer mudanças. No entanto, ele afirma que diante do quadro de violência social por qual passa o país, é necessário tomar medidas imediatas para atacar o problema..