As rodadas de conversa do governo com parlamentares, em busca de votos para a reforma da Previdência, começaram oficialmente nesta terça-feira (26/2) — antes ainda de o presidente Jair Bolsonaro se encontrar com líderes, no início da noite. O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, se reuniu com representantes de três partidos da base para explicar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019, que muda as regras de aposentadoria e pensão dos trabalhadores civis, apresentada na última quarta-feira.
Os encontros foram com as bancadas do PSDB, do PSD e do PR. Juntas, as siglas contam com 101 deputados. Na maioria das conversas, ele recebeu as mesmas críticas já apontadas pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e por dezenas de deputados. As principais são sobre as mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria dos trabalhadores rurais.
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Reforma da Previdência para idosos enfrenta resistênciaCarlos Bolsonaro mira aliados na Câmara por reforma da PrevidênciaSem a proposta para militares, reforma da Previdência não anda no CongressoReforma da Previdência pode parar no STFReforma da Previdência está emperrada no CongressoA equipe econômica ainda não divulgou estimativas do impacto da eventual retirada das mudanças no BPC e na aposentadoria rural.
“O PSDB tem aprimoramentos a ser feitos. Particularmente, em questões como BPC, aposentadoria rural. São temas sobre os quais estamos nos debruçando”, pontuou o líder do partido na Câmara, Carlos Sampaio (SP), após o encontro com o secretário. O espírito da bancada, segundo ele, é favorável à reforma. O deputado também citou o projeto que mudará as regras dos militares.
Os 51 integrantes da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) que almoçaram com o secretário também tendem a apoiar a PEC, mas ainda não tomaram uma posição definitiva sobre o assunto. “Vamos discutir a área da agricultura detalhadamente, reunir as assessorias técnicas e fazer um debate, inclusive com cálculo de impacto, e só então emitiremos opinião”, disse o presidente da bancada ruralista, deputado Alceu Moreira (MDB-RS).
Dificuldades
Apesar da iniciativa de Marinho de encontrar as bancadas, parlamentares da base de apoio ao governo têm reclamado da distância imposta pelo Executivo em relação ao Congresso. Essa queixa foi repetida ontem por deputados do PSD, do PR e do PRB, siglas que tendem a ser favoráveis à reforma. A impressão deles é de que o governo tem falhado em duas frentes fundamentais: comunicação com a sociedade e diálogo com a base.
Alguns deputados não participaram das reuniões com o secretário por não concordarem com a postura do governo. “Tenho vários pedidos de audiência com ministros e eles sequer respondem. Eu não vou ouvir o secretário”, afirmou o deputado Marcelo Ramos (PR-AM), que há semanas tem apontado o problema de articulação do governo.
O deputado Julio Cesar Ribeiro (PRB-DF) foi à tribuna reclamar do mesmo assunto. Ele disse que tenta marcar uma audiência com o ministro da Educação, Ricardo Vélez, desde 15 de janeiro, sem sucesso. “O nosso presidente quer que votemos a reforma da Previdência, mas o seu ministro nem atende a uma reivindicação.
Militares em projeto de lei
O vice-presidente Hamilton Mourão ressaltou que as mudanças na Previdência dos militares serão de fato encaminhadas por meio de um projeto de lei, apesar de o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), ter dito na segunda-feira que está sendo estudada a possibilidade de uma medida provisória. “Vi que o líder do governo andou falando isso. Ele pode mandar por MP, mas será encaminhada como projeto de lei”, disse Mourão, depois de participar de evento no Círculo Militar, em São Paulo..