A instalação de uma ou mais comissões parlamentares de inquérito (CPI) para investigar a tragédia provocada pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, já provoca bate-boca e troca de acusações na bancada mineira.
O barraco começou com o deputado federal André Janones (Avante) e o senador Carlos Viana (PSD), mas logo envolveu outros deputados, como Marcelo Aro (PHS), e já se espalhou pelo Facebook e WhatsApp.
O conflito se desdobrou a partir da disputa entre a bancada federal mineira e Viana em torno do tipo de comissão parlamentar de inquérito que será instalada para investigar as responsabilidades.
Enquanto os deputados federais defendem uma comissão parlamentar mista (CPMI) – com a participação da Câmara e do Senado –, Viana postula que cada casa legislativa instale a sua CPI.
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Zema chama tragédia de Brumadinho de 'incidente' e diz que Vale está fazendo o possívelDeputados devem instalar CPI de Brumadinho na próxima semanaDeputado ganha disputa por autoria da CPI para investigar tragédia de BrumadinhoCPI das barragens na Assembleia vai ser instalada nesta quartaPara o próximo dia 11, portanto, após o carnaval, o Senado vai anunciar a instalação de sua CPI, da qual, Carlos Viana postula e deverá ser confirmado relator e o presidente o senador Otto Alencar (PSD-BA), autor do requerimento.
“O orçamento inicial de cada CPI é de R$ 100 mil. Mas por que Viana bate o pé e não quer a CPMI? Porque o terceiro maior doador para a campanha dele foi Luís Fernando Franceschini da Rosa, advogado que é dono de mineradora e prestava serviços para a Vale no Córrego do Feijão, em Brumadinho. Ele doou R$ 100 mil para o senador. Como ele vai investigar?”, criticou Janones.
Segundo o deputado, Franceschini é sócio de três empresas que operam na região da tragédia: Neometal Brumadinho, Greenmetal Brumadinho Processamentos Sustentáveis e Green Metals Brumadinho Soluções Ambientais.
Carlos Viana devolve o insulto: “Franceschini é advogado, professor, foi encaminhado à minha campanha por meio de pessoas ligadas ao meu antigo partido.
A briga começou na terça-feira passada. A acusação de Janones foi lançada diante de Viana, quando uma comissão de 12 deputados mineiros foi procurá-lo, após conversar com o presidente do Senado e dele ouvir que a possível unificação das CPIs dependeria de Carlos Viana.
Depois de defender a CPMI a Viana, a comissão de deputados mineiros ouviu dele que iria levar o caso aos outros seis senadores que já tinham sido indicados para integrar a CPI do Senado.
Viana ressalvou, contudo, que pessoalmente defendia uma CPI, por considerá-la mais rápida. Neste momento, Janones o questionou: “Mas se o senhor não é a favor da CPMI não precisa nem conversar com os outros senadores. Da minha parte eu dispenso. Estou cheio de mimimi, quero resultado concreto. E se prepare para o desgaste”. Viana interpelou-o: “Qual desgaste?”. Janones retrucou: “O senhor foi financiado por uma mineradora, o Brasil vai saber”. Viana instou-o a provar e o bate-boca se intensificou quando o deputado federal Fabinho Liderança (MDB) colocou panos quentes.
Enquanto Janones postava a briga, toda filmada, por um lado, Viana não tardou a devolver o veneno, lançando ao ar o seu próprio vídeo.
Em meio à disputa entre o mar e o rochedo, sobrou para a ostra. O deputado federal Marcelo Aro resolveu se manifestar, depois de Viana afirmar desconhecer Luís Fernando Franceschini da Rosa e que teria recebido o recurso do PHS, partido de Viana durante a campanha, então presidido por Aro.
Pelo grupo de WhatsApp da bancada federal mineira, Aro lançou a nota, que obviamente, agora se tornou pública. “O senador está faltando com a verdade ao afirmar isso. Uma mentira que me incomodou tanto que decidi escrever este texto”, disse, depois de uma longa explanação em que relatou o seu rompimento político com Viana, ex-aliado a quem ajudou durante a campanha.
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