O advogado criminalista Zanone Manuel de Oliveira Júnior, que defende Adélio Bispo de Oliveira, agressor do presidente Jair Bolsonaro, negou nesta sexta-feira, em entrevista ao Estado de Minas, que tenha recebido dinheiro de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções criminosas do país, como pagamento seus honorários.
Leia Mais
OAB-MG recorre para que advogado de Adélio Bispo não revele quem pagou seus honorários Justiça dá mais 90 dias para PF investigar quem pagou defesa de Adélio BispoMPF denuncia Adélio Bispo, agressor de BolsonaroA Polícia Federal apresentou a Bolsonaro áudios que mostram o possível interesse da facção no atentado contra ele durante ato de campanha em Juiz de Fora, na Zona da Mata, em 6 de setembro. A informação foi classificada por Zanone como “delírio do povo”. “Claro que não pagou”, rebateu o defensor ao ser questionado se recebeu honorários do PCC.
Ainda nesta sexta-feira, a Justiça Federal acatou pedido de liminar da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Minas Gerais (OAB-MG) e anulou a operação da PF contra Zanone, feita em 21 de dezembro, quando o advogado foi alvo de busca e apreensão. O objetivo da busca era descobrir quem pagou os horários para que defendesse o esfaqueador de Bolsonaro.
A decisão é do desembargador Néviton Guedes, do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), em Brasília.
Foram apreendidos um telefone celular do advogado e um HD com imagens de câmeras de segurança do prédio, além de livros-caixa, recibos e comprovantes de pagamentos de honorários do advogado. Questionado sobre a anulação da operação pela Justiça Federal, Zanonea foi lacônico: “já era esperado”, disse.
As conversas relacionadas ao PCC foram captadas pelo setor de inteligência e sustentam uma das linhas de investigação de inquérito que apura se Adélio Bispo agiu a mando de alguém. O fato foi divulgado pelo próprio Bolsonaro, durante café da manhã com jornalistas, na quinta-feira, quando ele relatou ter ouvido os áudios.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o presidente teve acesso ao material da PF em encontro no Palácio do Planalto, segunda-feira passada, e estavam presentes o delegado federal responsável pelo caso, Rodrigo Morais, o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e o superintendente da PF em Minas Gerais, delegado Cairo Costa Duarte.
A publicação também revelou que, atualmente, o inquérito sobre o atentado está na fase final e a principal linha de investigação tenta esclarecer se o PCC teve participação no ataque. Um dos focos é saber se a facção criminosa financiou a defesa de Adélio no caso, divulgou.
'DESCONHECIDO'
Em 6 de dezembro passado, também em entrevista ao EM, Zanone Oliveira Júnior revelou que apresentou o valor de R$ 300 mil para defesa de Adélio Bispo até a fase final do processo no Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a revista, ele disse ter sido contratado por “um desconhecido”, com o qual se reuniu em seu escritório em Belo Horizonte na manhã de 7 de setembro, e que, na ocasião, o advogado disse que cobrava, em média, R$ 50 mil em honorários. No entanto, ainda segundo a Veja, o “contratante” achou o valor alto.
“O criminalista, então, topou dar um desconto e receber R$ 25 mil até a conclusão da investigação da Polícia Federal. “Aquela pessoa aceitou a proposta e pagou inicialmente R$ 5 mil em dinheiro”, disse Zanone. O restante seria pago em outras parcelas mensais. No entanto, o interessado em ajudar Adélio “desapareceu”, relatou a reportagem de Veja.
.