Brasília – Um líder partidário acostumado às benesses do poder foi ao Planalto dia desses para saber melhor como seria a nova relação do presidente Jair Bolsonaro com o Parlamento. Lá, foi informado por um ministro de que todos os ocupantes de cargos de segundo escalão indicados por políticos seriam substituídos, de forma a acabar com os feudos dos parlamentares nas repartições. O tal líder atravessou a rua e espalhou a notícias entre os comandantes dos partidos na Câmara. Foi um alvoroço e a senha para que o atual governo experimentasse o gosto amargo de uma derrota logo no primeiro mês, o decreto que ampliava o número de pessoas capazes de determinar o sigilo de documentos oficiais.
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O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), por exemplo, já foi feudo do MDB no governo de Fernando Henrique Cardoso. Nos tempos de Lula, entretanto, os cargos terminaram cedidos ao PR de Valdemar Costa Neto, comandante oculto da agremiação que controlou a pasta. E quem está lá não quer sair de jeito nenhum.
Os líderes têm evitado falar abertamente sobre esse tema. Apenas o representante do Democratas na Câmara dos Deputados, o eleito pela Bahia Elmar Nascimento, vem de peito aberto comentar esse tema. Ele trabalha para desmistificar o discurso de “nova política”, e defende a eficiência de parlamentares em escalões do Executivo federal. “Não existe nova e velha política. Existe boa e má política. Se o presidente disser que tem um cargo e pergunta se tem alguém com perfil, temos alguém para indicar”, abre o jogo. “Mas os cargos são do governo federal, que os entrega a quem quiser. Bolsonaro se elegeu sem precisar de partidos”, alfineta.
Cientista político da Fundação Getulio Vargas (FGV), Sérgio Praça faz uma avaliação crítica. “Quanto mais oportunidade para corrupção, mais interesse para o cargo.
Ontem, após visitar o presidente no Palácio da Alvorada, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, voltou a admitir que o Congresso deve fazer ajustes na proposta de reforma da Previdência. “Estamos muito seguros da nova Previdência que apresentamos ao Congresso. Agora tem aquela fase de passar pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e pela Comissão Especial (da proposta). E aí virão os ajustes que o Parlamento seguramente deverá fazer”, disse Onyx.
SUPERÁVIT O presidente usou o Twitter pela manhã também para defender a mudança da legislação previdenciária. Ao comemorar o superávit primário de R$ 30,2 bilhões registrado em janeiro, Bolsonaro afirmou que o Brasil está retomando a trajetória de crescimento e defendeu as reformas como forma de impulsionar a economia do país com atração de novos investimentos. “Nós estamos mudando o Brasil”, escreveu o presidente.
O desempenho positivo do primeiro mês do ano, contudo, é sazonal, conforme destacou o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, na última quarta-feira, dia da divulgação do dado.
Segundo Onyx, o presidente retoma a sua rotina no Palácio do Planalto hoje, a partir das 14h. A já costumeira reunião ministerial das terças-feiras ocorrerá somente na quinta-feira da semana que vem. (Com agências)
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