O presidente Jair Bolsonaro acatou a cobrança de líderes partidários e voltou a defender publicamente a aprovação da reforma da Previdência. Ontem, a militares, pediu “sacrifícios” em prol do ajuste fiscal. Nas redes sociais, argumentou que é a partir da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) encaminha ao Congresso que o país terá condições de estabilizar as contas públicas e potencializar investimentos na saúde, educação e segurança pública.
Demorou duas semanas para Bolsonaro defender a reforma nas redes sociais. O último post no Twitter havia sido em 21 de fevereiro, quando publicou o pronunciamento feito em rede nacional nas TVs e rádios. Foi o dia em que ele, pessoalmente, apresentou a PEC no Congresso. Até ontem, nenhum outro comentário sobre o assunto havia sido publicado nas mídias pessoais do presidente. A situação desagradou lideranças dispostas a compor a base aliada, a ponto de expressarem publicamente o incômodo na reunião de líderes na última terça-feira.
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Bolsonaro recorre à estratégia de campanha ao usar lives em redes sociais'A democracia é garantida pelo povo', diz Marco Aurélio sobre fala de BolsonaroBolsonaro anuncia lives no Facebook todas as quintas-feiras, às 18h30Reforma da Previdência começa a tramitar na Câmara dos DeputadosAliados avaliam que Bolsonaro terá que substituir ministros para aprovar PEC da PrevidênciaMaia diz que 12 das 25 comissões permanentes devem ser instaladas semana que vemCâmara começa a analisar reforma da Previdência na quarta-feiraPara mostrar comprometimento com os aliados e garantir que os militares não serão poupados, Bolsonaro usou o pronunciamento de ontem, em cerimônia de aniversário do Corpo de Fuzileiros Navais, no Rio de Janeiro, para pedir aos militares compreensão e renúncia do conjunto atual das regras de aposentadoria. “Quero dos senhores sacrifício também. Entraremos, sim, em uma nova Previdência, que atingirá os militares. Mas não deixaremos de lado nem esqueceremos a especificidade de cada força”, declarou.
Os militares ainda não sabem como será a reforma da categoria. Os últimos ajustes do texto estão em finalização pela equipe econômica. No entanto, um acordo entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e os comandantes das Forças Armadas prevê que benefícios já existentes sejam mantidos, como a paridade e a integralidade.
Padrões mundiais
A articulação política do governo garante que o projeto será encaminhado até a próxima semana, quando as comissões serão instaladas na Câmara dos Deputados. O processo marcará o pontapé inicial para a tramitação da PEC. O texto, destacou ontem Bolsonaro nas redes sociais, foi elaborado sob um modelo que segue os padrões mundiais. “Combate os privilégios como aposentadoria especial para políticos, cobra menos dos mais pobres, e incluirá todos, inclusive militares”, afirmou.
O presidente reforçou a defesa pela reforma em transmissão ao vivo em uma rede social. Disse que os parlamentares, assim como as demais categorias, vão se aposentar com o teto do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), de R$ 5,8 mil, respeitadas as especificidades entre categorias. “E não é porque eu quero. Precisamos fazer uma reforma da Previdência. Está mais do que deficitária.
A retomada da estrutura de comunicação que elegeu Bolsonaro empolga os líderes aliados. Para eles, o uso das redes sociais e das transmissões ao vivo deverão ser a principal estratégia no convencimento à sociedade. “Há muita desinformação sendo divulgada. Há, hoje, pessoas com má compreensão sobre o tema ou que estão sendo enganadas. Por isso, pedimos ao presidente que se envolva pessoalmente na defesa da reforma. Ele é o maior ativo para o sucesso da aprovação”, avaliou o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), líder da legenda na Câmara..