Sem opção legal de deixar de receber o salário de R$ 10,5 mil como prometido na campanha eleitoral, o governador Romeu Zema (Novo) usou as redes sociais neste domingo para anunciar que doou o primeiro vencimento à Associação de Pais e Amigos (Apae) de Papagaios. Já os secretários, que na promessa de campanha do então candidato também trabalhariam 'de graça', tiveram os valores creditados nas contas, como ocorre em todo governo.
Segundo Zema, o valor do vencimento já com os descontos foi de R$ 8.796. Ele afirma que outras instituições serão contempladas nos próximos meses até que o pagamento do funcionalismo seja normalizado. “Se alguém tem de se sacrificar, se alguém tem de dar o exemplo, que esse alguém seja o governador”, disse.
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Mais rico da eleição, Zema promete receber salário só depois de servidorEntenda por que Zema não pode cumprir promessa de ficar sem receber salárioZema promete salário do funcionalismo sem atraso e abrir a 'caixa-preta das finanças'Zema ignora opção dada pela ALMG de não receber salário ou ganhar R$ 998'Tenho de dar a mão à palmatória e falar que errei', diz Zema sobre promessas de campanhaRemuneração declarada de Zema é maior que a de PimentelSecretários de Zema são indicados para conselhos que pagam jeton Solanda Steckelberg é a subsecretária de Cultura de Minas GeraisZema reconheceu que o valor “é pouco para as necessidades da instituição”, mas afirmou ser uma forma de “ajudar quem precisa”.
Promessa incluía vice e secretários
No fim de agosto do ano passado, quando concorria ao governo, Zema oficializou texto no 9° Ofício de Notas de Belo Horizonte no qual dizia que ele, o vice-governador Paulo Brant e os secretários de estado não receberiam salário enquanto houvesse servidor ativo ou inativo com vencimentos, aposentadorias ou pensões em atraso e parcelamento.
Zema foi o candidato ao governo com o maior patrimônio declarado em Minas Gerais. Segundo os dados informados ao Tribunal Regional Eleitoral, ele tem R$ 69.752.863,96 em bens, dos quais mais de R$ 60 milhões são em “quotas ou quinhões de capital”. O governador é dono do grupo Zema, que tem dezenas de lojas espalhadas pelo estado.
Em nota, o governo de Minas informou que o vice-governador Paulo Brant também fez doação a entidade social, mas não divulgou qual. Já sobre os secretários receberam os salários, ao contrário da promessa de campanha.
"Os secretários, seguindo determinação legal de não poderem abdicar dos seus ordenados, só tiveram os valores dos proventos depositados após os servidores já terem recebido integralmente o salário no mês passado".