Fernanda Salles Andrade, que assina texto com informações falsas sobre uma jornalista do Estadão no site Terça Livre, ocupa cargo no gabinete do deputado estadual Bruno Engler (PSL), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O site reúne ativistas conservadores e simpatizantes ao governo Jair Bolsonaro e, neste domingo, 10, atribuiu falsamente à repórter Constança Rezende a declaração "a intenção é arruinar Flávio Bolsonaro e o governo", ao tratar da cobertura jornalística sobre as movimentações suspeitas de Fabrício Queiroz, ex-motorista do senador e filho mais velho do presidente.
Leia Mais
Bolsonaro usa declaração falsa para atacar imprensaBolsonaro usa posição de poder para tentar intimidar imprensa, dizem OAB e AbrajiHashtag #BolsonaroÉFakeNews está entre as mais compartilhadas do TwitterAtaques ao 'Estado' visam desqualificar o jornalismo, dizem ANJ, Abert e AnerA nomeação de Fernanda para atuar no gabinete de Engler foi publicada no dia 2 de fevereiro. A informação foi publicada pelo blog do jornalista Ruben Berta, e confirmada pelo Estado.
Há duas semanas, ela assinou um texto com o título "Deputado do PT defende ideologia de gênero sob forte protesto na ALMG", em que descreve a participação do deputado Betão em uma comissão que debatia, segundo o texto, "ensino de gênero e sexualidade para crianças a partir dos 6 anos de idade". No Dia Internacional da Mulher, outro texto de Fernanda diz que um evento na assembleia promovia "doutrinação ideológica", e registra a entrega de panfletos a crianças e adolescentes.
Fernanda aparece em vários vídeos no Youtube, defendendo o governo Bolsonaro. Em um dos mais recentes, a assessora fala sobre o vídeo pornográfico publicado pelo presidente durante o carnaval. Segundo a funcionária do deputado, com o vídeo Bolsonaro "conseguiu constranger os mais radicais socialistas. Ele os colocou diante de um espelho.
Ao Estado, Fernanda afirmou que os textos foram escritos fora de seu horário de trabalho. Ela diz ainda que sua atividade no gabinete de Engler não tem relação com sua colaboração para o site. O site atribui as informações a um jornalista francês, identificado pelo Terça Livre como Jawad Rhalib.
A reportagem conversou com ela por telefone e também pessoalmente, no gabinete de Engler. A assessora confirmou ter feito as publicações, mas negou ser autora dos textos. "O que fiz foi uma reprodução da denúncia feita pelo jornalista francês". Questionada se sabia falar inglês, a assessora disse que sim.
Responsável pela contratação na ALMG, Engler é ligado ao Movimento Direita Minas e gravou vídeos com Bolsonaro durante sua campanha eleitoral.