A Mesa diretora da Assembleia Legislativa promulgou na manhã desta quarta-feira uma emenda à Constituição estadual que, nos bastidores da Casa, tem sido chamada de ''arma de pressão" contra o governo do governador Romeu Zema (Novo).
De público, no entanto, nenhum deputado nem representantes do executivo admitem que é esse o propósito primeiro da emenda, aprovada no dia 27 passado, obrigando agentes públicos a prestar contas ao Legislativo de quatro em quatro meses.
A estreia da 'sabatina' está prevista para junho e começará com os secretários de estado, em agenda ainda a ser divulgada pelo Legislativo estadual.
Entenda
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Deputados aprovam PEC que obriga secretários de Zema a prestar contas à AssembleiaDeputados pedem que Zema agilize nomeação de indicados para cargosPrefeitos cobram acordo de Zema e ameaçam pedir intervenção em MGLei que permite pagar salário mínimo a deputado é ignorada na ALMG Decreto prevê plano de segurança para imóvel alugado por ZemaZema reúne governadores em BH para discutir pauta nacional'Um ou outro pode estar insatisfeito, isso é natural', diz secretário sobre críticas de deputados a governo ZemaO texto de autoria do presidente da Casa, Agostinho Patrus (PV), foi aprovado pelos 52 parlamentares presentes no plenário da Casa e prevê que as autoridades deverão prestar contas ao Legislativo a cada quatro meses.
O descumprimento das convocações sujeitará o “infrator” a responder um processo de “responsabilidade administrativa”. Oficialmente, a alegação é reforçar a função fiscalizatória do Legislativo, mas nos bastidores, a aprovação do texto é uma demonstração do descontentamento dos deputados com a pouca receptividade que alegam ter do Executivo.
Déficit
Em razão das dificuldades financeiras do estado, com déficit estimado de R$30 bilhões, o atual governo não deu perspectiva no curto prazo para liberação das chamadas emendas parlamentares - que são recursos para os deputados liberarem para obras e serviços em suas bases eleitorais.
Raramente
Tradicionalmente, raramente secretários de estados atendiam a chamados da Assembleia, até porque não havia na legislação mineira nada que os obrigasse. O líder do bloco da oposição, André Quintão (PT), nega que a aprovação da PEC seja uma retaliação a Zema.
“A PEC fortalece o papel das comissões e garante um contato direto dos deputados com titulares dos órgãos, permitindo que acompanhemos a execução orçamentária e das metas das secretarias”, argumentou.
Filiado ao partido do governador, Guilherme da Cunha (Novo) disse que a PEC é “extremamente positiva” e vai trazer mais transparência à gestão pública. PEC Como trata-se de uma PEC, o texto depende apenas de promulgação pelo Legislativo. As regras ainda serão regulamentadas pela Mesa Diretora.