A partir desta segunda-feira, 18 de março de 2019, Carlos Fernando dos Santos Lima não é mais procurador da República.
Em suas redes sociais, o ex-membro da força-tarefa postou na noite de domingo uma mensagem agradecendo aos votos de aniversário e anunciando sua aposentadoria. Ele lamentou que a operação Lava Jato esteja sendo atacada "pela reação do sistema político", sem citar quem seriam os responsáveis pelos ataques.
"Agradeço a todos que me desejaram felicidades neste dia. Hoje faço 55 anos, com mais de 40 anos de trabalho, sendo 39 anos e 8 meses como servidor público. Neste dia, por coincidência, a operação Lava Jato faz 5 anos, infelizmente atacada por todos os lados pela reação do sistema político", disse Carlos.
Aos 55 anos de idade, o mais antigo membro da força-tarefa da Operação Lava Jato se aposentou. Da cadeira de acusador, vai passar agora para a cadeira de consultor e defensor: deve abrir um escritório de advocacia para atuar para o setor privado dando cursos e consultorias na área de compliance, que é a prática de medidas que tentam evitar desvios dentro de empresas.
Santos Lima garante que atuará fora área criminal: "não vou advogar contra o Ministério Público" nem mesmo em casos relacionados à Lava Jato.
Membro da equipe do Caso Banestado, de lavagem de dinheiro por contas CC5 no final da década de 1990 e uma das origens da Lava Jato, e um dos principais articuladores dos acordos de delação premiada da força-tarefa, Santos Lima falou pela última vez como procurador, na terça-feira passada, dia 13, véspera da decisão do STF considerada um dos maiores revés para a Lava Jato nesse cinco anos.
Comentou sobre as investigações e a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva - que completará um ano em abril -, sobre a "judicialização excessiva" reinante no País e avaliou a ida de Sérgio Moro para o governo de Jair Bolsonaro (PSL) como um prejuízo para a imagem da Lava Jato a ser compensado, caso ele consiga aprovar o pacote de leis anticrime organizado e anticorrupção.
Desde 2017, Santos Lima poderia pedir aposentadoria, mas suspendeu a decisão em meio às incertezas geradas pelo plano de reforma da Previdência em discussão no governo do ex-presidente Michel Temer. Preferiu se aposentar por tempo de serviço: completou 40 anos de trabalho. Antes de ser procurador, trabalhou no Banco do Brasil e como promotor.
"Sou dos que tiveram a sorte de não pegar o novo regime previdenciário", disse, Em setembro do ano passado, pediu afastamento da força-tarefa da Lava Jato, onde estava atuando desde 2014 - acumulando com o trabalho em São Paulo -, para fazer uma "quarentena por conta própria".