Jornal Estado de Minas

Congresso apresenta objeções à Reforma da Previdência para militares


Brasília – As contrapartidas que o governo propôs aos militares em troca da contribuição à reforma da Previdência não foram bem recebidas pelos deputados. Oposicionistas e aliados reclamaram do projeto de reestruturação da carreira que custará R$ 86,65 bilhões em 10 anos — ou 89% da economia total prevista com as mudanças previdenciárias da categoria, de R$ 97,3 bilhões. Muitos lembraram que, quando a equipe econômica apresentou os primeiros números, em fevereiro, não havia mencionado as perdas bilionárias, apenas os ganhos.

A proposta desagradou integrantes de partidos que defendem há anos a necessidade de se reformar a Previdência, como DEM, PSDB e MDB. Até o líder do PSL, Delegado Waldir (PR), comentou que o aumento de gastos vem em “momento difícil” e pode abrir precedente para que outras carreiras policiais peçam regras diferenciadas na reforma da Previdência. O deputado Wladimir Garotinho (PSD-RJ), por exemplo, já anunciou que apresentará emenda para incluir os guardas civis municipais no regime especial.

O líder do DEM na Câmara, Elmar Nascimento (BA), lembrou que outras categorias também podem se sentir prejudicadas. “Onde passa o boi, passa a boiada. Do mesmo jeito que há defensores dos militares, também tem muita gente chegada à classe do magistério, servidores públicos. Se começam a fazer concessões, o risco é de desfigurar totalmente a proposta e não alcançar os objetivos pretendidos”, alertou.

Questionada sobre a possível frustração dos parlamentares com a proposta, a líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), mencionou a defasagem salarial dos militares e disse que “foi feito o que era possível”.

Ela garantiu que tem tido “sinalizações positivas” de partidos de esquerda, como PSB e PDT, e que pretende dialogar até com o PT em busca de apoio.

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