A orientação do presidente Jair Bolsonaro (PSL) aos quartéis para comemorarem a "data histórica" do aniversário do dia 31 de março de 1964, quando um golpe militar derrubou o governo João Goulart e iniciou um regime ditatorial que durou 21 anos, continua provocando polêmica. O cantor Lobão gravou um vídeo, nesta quarta-feira, onde criticou a ditadura e afirmou que “ter saudades de um regime desses é de uma estupidez”.
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'Não considero um golpe', diz ministro das Relações Exteriores sobre 1964Janaina: Bolsonaro tem de trocar postura de deputado temático pela de presidenteOAB/RJ diz que determinação para comemorar golpe militar é inconstitucionalApós protestos, Bolsonaro cancela ida a universidade em São Paulo“Temos que perceber que o regime de 64, seja ele ditatorial, ele era autoritário, se não era totalitário, era autoritário. Isso já é uma m... Tivemos 23 anos de uma censura estúpida que deixava vazar a maior parte das informações que não queriam”, comentou. “Tivemos um período muito escroto e, se não tivesse este período escroto, nós não estaríamos agora sofrendo todas essas mazelas. Agora, ter saudades de um regime desses é de uma estupidez que revela exatamente aquilo que eu tenho falado pela direita. A gente não pode glorificar expedientes sombrios”, comentou.
O vídeo foi compartilhado nas redes sociais e provocou comentários a favor e contra.
'Incompatível com Estado de Direito'
A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão reagiu à orientação do presidente Jair Bolsonaro. Segundo o órgão do Ministério Público Federal, se fosse levado a cabo hoje, o golpe seria enquadrado como crime contra a ordem constitucional, e, se tivesse o apoio do presidente da República, este estaria cometendo crime de responsabilidade. "É incompatível com o Estado Democrático de Direito festejar um golpe de Estado e um regime que adotou políticas de violações sistemáticas aos direitos humanos e cometeu crimes internacionais", disse a Procuradoria, por meio de nota pública.
O presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, criticou nesta quarta-feira a proposta do presidente. Em manifestação pública, Santa Cruz afirma que "comemorar a instalação de uma ditadura que fechou instituições democráticas e censurou a imprensa é querer dirigir olhando para o retrovisor, mirando uma estrada tenebrosa". Santa Cruz aponta que o País vive "um cenário de crise econômica, com quase 13 milhões de desempregados". Ele sugere "olhar para a frente e tratar do que importa: o futuro do povo brasileiro". .