O bloqueio de bens dos alvos da Operação Descontaminação ordenado pelo juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal do Rio, alcançou também os carros do ex-presidente Michel Temer (MDB), do ex-ministro Moreira Franco (Minas Gerais), do coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, e outros investigados. O magistrado havia determinado um confisco total de R$ 62.595.537,32 do ex-presidente.
Temer é acusado pela Lava Jato por corrupção, peculato e lavagem de dinheiro nas obras da usina nuclear de Angra 3, no Rio. O emedebista foi alvo de duas denúncias do Ministério Público Federal.
O embargo foi informado pelo Renajud ao juiz Marcelo Bretas. O Renajud é um sistema online de restrição judicial de veículos criado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que interliga o Judiciário ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
O sistema confiscou um Prisma, um Audi e um Santana de Temer. Um Jeep Cherokee foi bloqueado da empresa Tabapua investimentos e Participações, da qual o ex-presidente é sócio.
Maristela Temer, filha do ex-presidente, teve um Honda CR-V embargado. A reforma da casa de Maristela é alvo de investigação por suspeita de lavagem de dinheiro do esquema de corrupção cuja liderança é atribuída a seu pai.
Moreira Franco teve um Fiat Uno Mille, uma Blazer Executive e um Volo confiscados.
O coronel Lima teve bloqueado uma perua Saveiro, um Honda/CB e um Opala Luxo. Maria Rita Fratezi, mulher do coronel, teve um Toyota Corolla confiscado.
A PDA Projeto e Direção Arquitetônica LTDA, empresa controlada pelo casal, teve embargados um Tiguan, uma Saveiro, um Toyota Corolla e um Toyota Land Cruiser.
Valores
Temer também teve valores bloqueados de três contas. O Banco Central confiscou R$ 8.239.935,56 do ex-presidente - em uma conta havia R$ 8.234.231,17, em outra, R$ 4.905,31 e na terceira, R$ 799,08.
O BC achou R$ 23.171.938,17 nas contas do coronel Lima, de Maria Rita Fratezi e de três empresas deles.
A investigação contra Temer e seus aliados é decorrente da Operação Radioatividade, que mirou um esquema de cartel, corrupção ativa e passiva, lavagem de capitais e fraudes à licitação na construção da usina nuclear de Angra 3.
A Descontaminação apura pagamentos ilícitos feitos por determinação do empreiteiro José Antunes Sobrinho, ligado à Engevix, para "o grupo criminoso liderado por Michel Temer, bem como de possíveis desvios de recursos da Eletronuclear para empresas indicadas pelo referido grupo"..