Jornal Estado de Minas

Bolsonaro abre escritório de negócios em Jerusalém

Telavive – O presidente Jair Bolsonaro anunciou ontem a abertura de um escritório comercial brasileiro em Jerusalém e não pretende, pelo menos por enquanto, transferir a embaixada da capital israelense para a cidade sagrada, conforme prometido durante a campanha eleitoral.

O novo escritório fará promoção do comércio, investimento, tecnologia e inovação, como parte da embaixada em Israel. Em declaração conjunta com Bolsonaro, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que o escritório é o primeiro passo para a mudança da embaixada.

Bolsonaro foi recebido com honras militares por Netanyahu, com direito a banda de soldados, debaixo de chuva forte. O avião presidencial chegou ao Aeroporto Internacional Ben Gurion, em Telavive, pouco antes das 10h (4h de Brasília) de ontem, onde era aguardado pelo premiê. Ambos fizeram discurso formal. Netanyahu agradeceu em hebraico.

O presidente brasileiro fez questão de frisar que o Brasil tem muito o que aprender com Israel, que é “um país rico sem riquezas naturais enquanto o Brasil, que tem muitas riquezas naturais, ainda é um país pobre”.

“Olha o que eles não têm e veja o que eles são. E olha o que temos e o que não somos”, afirmou, defendendo parcerias na área militar, segurança e tecnologia.

Em seu discurso, Bolsonaro iniciou e terminou com uma frase em hebraico (“Eu amo Israel”) e errou a pronúncia do pronome. Ele também errou o ano em que visitou o país. Disse que foi “há dois anos”, mas ele veio há três, ou seja, em 2016. Ele contou que teve a oportunidade de visitar o Rio Jordão e fez questão de mencionar que o nome dele também é Messias.

“É uma honra voltar a Israel e realizo antes de completar 100 dias de governo firmemente decidido em firmar uma parceria entre os dois países que têm amizade histórica”, afirmou Bolsonaro, lembrando que o Brasil ajudou na criação do estado de Israel após a Segunda Guerra Mundial, e citou o ex-ministro de relações exteriores Oswaldo Aranha, que auxiliou a desenhar o estado para abrigar os judeus outrora perseguidos.

No breve discurso, Bolsonaro voltou a citar trecho de João (8:23) na Bíblia, usado durante a campanha:“Reconheceis a verdade e a verdade vos libertará”. O presidente destacou que os dois países também compartilham os mesmos valores culturais e apreço pela liberdade e pela democracia. “Juntos (sic) nossas nacionalidades podem alcançar grandes feitos”, afirmou. Bolsonaro também agradeceu a ajuda de Israel no desastre de Brumadinho e se mostrou “entusiasmado com a potencialidade de parcerias”, defendendo maior aproximação dos dois países, citando militares, estudantes, cientistas, empresários e turistas.

“Teremos dias muito produtivos e agradáveis”, completou.

Bolsonaro citou ainda a abertura do escritório comercial sem fazer referência à embaixada. Ele apenas declarou que a estrutura será voltada para as áreas de ciência, tecnologia e inovação. O brasileiro relatou que a decisão havia sido tomada pouco antes com o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. “Agora há pouco, tomamos a decisão final, ouvindo o nosso general Augusto Heleno, de abrir, em Jerusalém, um escritório de negócios voltado para ciência, tecnologia e inovação”, declarou Bolsonaro na coletiva de imprensa conjunta com o premiê israelense, referindo-se ao seu ministro do Gabinete de Segurança Institucional.

Em seu discurso, Netanyahu afirmou: “Meu amigo, senhor presidente, estamos fazendo história juntos. Quando você assumiu o cargo em janeiro passado, abrimos uma nova era nas relações Brasil-Israel. Eu estava na cerimônia em que você foi empossado como presidente e aqui, depois de apenas três meses, em sua primeira visita fora da América do Sul, você veio a Israel para trazer as relações entre nós para um novo patamar”, afirmou o premiê.

AGENDA CHEIA O presidente brasileiro tem agenda cheia em Israel até quarta-feira. Ele teve reunião com Netanyahu à tarde para assinatura de acordos bilaterais nas áreas de tecnologia, segurança, irrigação e dessalinização. Na sequência do evento, foi oferecido jantar para a comitiva brasileira pelo ministro de Energia de Israel, Yuval Steinitz.

Bolsonaro está hospedado no Hotel King David, cuja diária custa, em média, R$ 2 mil. Hoje, ele fará várias visitas, inclusive, ao Santo Sepulcro e ao Muro das Lamentações.

Amanhã, ele e o premiê participam da abertura de um encontro empresarial Brasil-Israel e de almoço com empresários. À tarde, visita o  Centro de Memória do Holocausto e o Bosque das Nações, onde o presidente brasileiro deverá plantar muda de oliveira. Na quarta-feira, o presidente brasileiro vai à cidade de Raanana visitar uma comunidade brasileira pela manhã, nas imediações de Telavive, onde moram cerca de 300 famílias. A cidade tem sinagoga com rabino brasileiro. A comunidade brasileira em Israel é composta por 13 mil pessoas. O retorno está previsto para as 11h40.

Integram a comitiva os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo; de Minas e Energia, Bento Albuquerque; de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Marcos Pontes; general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); e o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, tenente-brigadeiro, Raul Botelho. Um dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-SP), também veio com o pai na viagem.

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