Palestina – O presidente Jair Bolsonaro respondeu ontem às críticas sobre a possível transferência da embaixada brasileira de Telavive para Jerusalém e a abertura de um escritório de representação comercial na capital israelense.
“Não pretende ter atrito com ninguém no mundo. Temos viagem marcada para a China. Iremos com toda a certeza para algum país no Norte da África no segundo semestre também. Temos que aprofundar negócio com o mundo todo. Agora, Israel tem o seu direito de escolher sua capital. Ponto final. Se o Brasil hoje fosse abrir sua diplomacia com Israel, onde seria a embaixada? Seria aqui, em Jerusalém. Tá certo? Essa questão é simbólica de um lado e, do outro, é respeitar as decisões do respectivo estado”, disse o presidente ao chegar ao hotel onde está hospedado, após de participar de jantar.
Bolsonaro falou pela primeira vez em Israel sobre a reforma da Previdência. Ao ser questionado sobre se haveria investimentos de Israel no Brasil, ele aproveitou o gancho para defender a proposta enviada pelo Executivo em fevereiro e que ainda não começou a tramitar no Congresso para que os investimentos venham para o país.
“Israel é um país irmão. Me dou muito bem com o (Benjamin) Netanyahu. Estivemos afastados por um tempo, durante o PT. Agora, o Brasil tem que mostrar que precisa mostrar que está fazendo o dever de casa. Com as nossas contas desequilibradas, a reforma da Previdência é necessária para isso. Reequilibrando as contas, o investimento irá para o Brasil”, disse o presidente.
Foi a primeira vez desde que chegou a Israel para uma visita oficial que ele falou da reforma. Ele contou que, na quinta-feira, quando retornar ao Brasil, tem reunião marcada com “alguns líderes partidários”. “A decisão está com o Parlamento. No que depender de mim, farei sugestões. Conheço mais da metade dos parlamentares. Fiquei 28 anos lá dentro. Sei como funciona aquilo. Podia até dar sugestões, mas não quero me meter porque estou em outra casa”, afirmou. Ele disse que próxima viagem internacional dele, “se ocorrer”, será depois do primeiro turno de votação da reforma da Previdência.
Para ele, é possível que isso ocorra até julho. “Mandamos uma proposta. Ela não é minha nem do governo. É do Brasil. Não temos alternativa. Chegou a esse ponto. A Previdência está deficitária realmente e temos que fazer a reforma. Espero que o Congresso aprove sem que ela seja muito desidratada”, afirmou.
MILITARES O presidente não acredita que a proposta da reforma dos militares, que acabou gerando resistência entre os parlamentares, prejudique a tramitação da PEC da Previdência. “Não tem nada a ver. O militar não é Previdência. Sou suspeito para falar porque sou capitão do Exército. Tá certo? Mas a vida do militar é diferente. Ele trabalha 24 horas por dia. Tem situação extraordinária da tropa. É GLO (Garantia da Lei e da Ordem), são as interferenciais nossas, as missões, as mais variadas possíveis… A vida é complicada. Tá certo?”, defendeu ele, acrescentando que a categoria já teve mudanças desde 2000. “A única reforma que foi feita no governo Fernando Henrique Cardoso foi a nossa, por medida provisória. E ninguém mais entrou. A nossa é muito mais profunda que a dos demais”, emendou.
O presidente chegou domingo a Israel para uma visita oficial de quatro dias. Além do Muro, ele vistou a Igreja do Santo Sepulcro, a Unidade de Contra-Terrorismo de Polícia israelense e a Brigada de Resgate e Salvamento do Comando da Frente Interna de Israel, onde entregou a comanda da Ordem Nacional Cruzeiro do Sul para a Brigada, que enviou pessoal para ajudar a resgatar as vítimas do desastre de Brumadinho.
Bolsonaro visitou o Muro das Lamentações acompanhado de Netanyahu. Foi a primeira vez que o premier israelense acompanhou um presidente brasileiro ao local, de acordo com a embaixada brasileira em Israel. Os dois chefes de Estado chegaram ao Muro por volta das 17h (pelo horário local), quando chovia muito e algumas pedras de granizo caíam. Eles se dirigiram a uma área reservada para a visita e posaram para fotos, além de acenar bastante. Também conhecido como Muro Ocidental, o local é um dos mais sagrados do judaísmo, atrás apenas do Santo dos Santos, no Monte do Templo. Trata-se do único vestígio do antigo Templo de Herodes, erguido por Herodes, o Grande, que foi destruído pelo Império Romano.
Ao ser questionado porque decidiu ir acompanhado por Netanyahu na visita ao Muro, o presidente disse que foi o primeiro-ministro quem decidiu acompanhá-lo. “Para mim, foi um motivo de honra e satisfação ir com ele no Muro”, disse. Após a visita ao Muro, Bolsonaro e Netanyahu visitaram os túneis subterrâneos da Cidade Antiga de Jerusalém, onde, há menos de um ano, foi construída uma sinagoga na parte em que os judeus consideram mais próxima de onde era o Templo. Em hebraico, Sharey Tshuva, que significa algo como o portão da penitência ou da resignação. O presidente e o premier participaram de breve celebração com um rabino na sinagoga acompanhados dos integrantes da comitiva e de autoridades israelenses.