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Estado de Minas POLÍTICA

Na Presidência, Mourão prioriza políticos e setor privado


postado em 02/04/2019 18:21

Em 13 dias como presidente em exercício desde 1º de janeiro, Hamilton Mourão priorizou reuniões e encontros com políticos e com o setor privado. Levantamento do Estadão mostra que em 54 compromissos oficiais de sua agenda enquanto comandou o País na ausência de Jair Bolsonaro, Mourão esteve 14 vezes com prefeitos, deputados, senadores e governadores e nove com empresários e investidores.

A agenda de Mourão na Presidência também registra oito encontros com autoridades internacionais e também oito com militares. Membros da equipe de governo foram recebidos pelo general seis vezes. Ele também esteve com jornalistas (4), membros do poder Judiciário (3) e religiosos (2). O levantamento identificou duas agendas apontadas como "despacho interno".

A ampla maioria das agendas de Mourão na Presidência se deu no Palácio do Planalto. Foi assim em 35 delas. Além das reuniões no gabinete, fez três visitas oficias (entre elas, para os governadores tucanos João Doria, de São Paulo, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul) e compareceu a onze eventos, como o desta terça-feira, 2, no Rio, uma feira do setor privado sobre defesa e segurança. Ainda hoje ele tinha encontro marcado com o ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Enquanto disputavam a corrida eleitoral em 2018, Bolsonaro disse que Mourão ainda não tinha "tato político". Para o cientista político Kleber Carrilho, da Universidade Metodista, não é bem assim. "Ficou claro no governo que isso não é verdade. Um general não é um néscio. Ele tem demonstrado visão estratégica. Mourão é o maior estrategista político do governo e tem tido um papel de apaziguador e de uma referência estável no governo", diz Carrilho. "Ele dá ao governo uma cara de um ambiente planejado politicamente, coisa que Bolsonaro não consegue fazer."

Protocolar

Assim como em outras agendas públicas como presidente em exercício, Mourão foi protocolar nesta terça e mostrou um discurso institucional no Rio. "Minha presença aqui é para afiançar que o presidente Jair Bolsonaro quer promover reformas estratégicas para destravar a economia, para que o livre comércio seja efetivado no Brasil", disse, destacando acreditar que a reforma da Previdência será aprovada "nos próximos meses".

O tom é o mesmo de outras ocasiões. Quando Bolsonaro foi à Suíça participar do Fórum Econômico Mundial, em janeiro, Mourão defendeu mudanças nas regras da Previdência para militares - naquele momento, o governo ainda não havia enviado a proposta para o Congresso. Ele defendeu 35 anos de contribuição e disse que as mudanças seriam "positivas ara o país". Há alguns dias, enquanto Bolsonaro estava no Chile, Mourão disse que o Congresso aprovará a reforma até agosto e defendeu diálogo entre o governo e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia - o fim de semana havia sido marcado pelas rusgas públicas entre Bolsonaro e o deputado do DEM.

Mourão também protagonizou polêmicas. Na primeira ausência de Bolsonaro, assinou um decreto que flexibilizava a classificação de dados ultrassecretos por membros do governo. O decreto foi barrado pela Câmara. Nesta semana, ele responsabilizou Bolsonaro pela divulgação, por parte do Planalto, de um vídeo que celebrava o golpe de 1964, que instituiu a ditadura militar no Brasil.

Até agora, Mourão foi acionado cinco vezes para atuar como presidente em exercício - foi assim durante as viagens de Jair Bolsonaro para Davos (Suíça), Washington (EUA), Santiago (Chile) e Jerusalém (Israel), e quando o presidente foi submetido à cirurgia para reconstrução do trânsito intestinal - a terceira em decorrência da facada durante a campanha eleitoral.


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