Brasília – O governo deu, ontem, o pontapé da renovação no diálogo com o Congresso. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) recebeu os presidentes nacionais do PRB, PSD, PSDB, PP, DEM e MDB em reuniões que começaram às 8h30 e, com pausas na agenda, terminaram às 17h20. A principal sinalização da renovação no trato foi o abandono do discurso entre a “velha” e a “nova” política. Aos caciques, acenou que é a “boa” política que deve predominar.
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O “despertar” de Bolsonaro para o novo canal de diálogo com o Congresso não surgiu do dia para a noite. Há duas semanas, teve embates com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o Congresso, ao dizer que alguns parlamentares não querem “largar a velha política”, em crítica ao chamado “toma lá da cá”, por supostas cobranças de cargos.
A Articulação política do Planalto alertou Bolsonaro a procurar uma relação com mais harmonia, respeito e linguagem parlamentar que dessem condições para construir o bom convívio com o Congresso. Deu certo. Jucá disse ao presidente que não existe a “nova” e a “velha” política, e ele concordou. “Existe política que tem que ser construída com diálogo ao longo do tempo. E o presidente terminou concordando que o que vale é a ‘boa’ política. Portanto, taxar de ‘velha’ ou ‘nova’ é um desserviço”, avaliou.
Independência
O diálogo, no entanto, não convence os presidentes nacionais a embarcar na base governista, ou seja, manter fidelidade às pautas do governo. O recado dado a Bolsonaro é de que cada dia será uma agonia diferente, de modo que toda matéria precisará ser dialogada à parte. O mesmo vale para o fechamento de questão.
A reforma da Previdência deu o tom das conversas de ontem. Segundo os líderes, as mudanças precisarão se concentrar em garantir justiça social, com corte de privilégios, e o ajuste fiscal. Foi o aviso do presidente do PSDB, Geraldo Alckmin. O tucano frisou que será preciso alterar alguns pontos para que a legenda apoie o texto. “Idade mínima e tempo de transição. A reforma é muito complexa e detalhista. Não aprovaremos nenhum benefício menor que o salário mínimo. O nome já diz: é o mínimo. Nós somos contra o BPC, assim como a questão rural.