O plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo presenciou um momento diferente na tarde desta sexta-feira. O deputado estadual Douglas Garcia (PSL) resolveu revelar que é gay e teve como porta-voz da notícia a colega de partido, Janaína Paschoal.
Contudo, antes de tomar a decisão, o parlamentar foi acusado de homofobia, após ter dito na sessão dessa quinta-feira que “tiraria a tapa” homem que se sente mulher e estivesse usando o banheiro feminino, se referindo a pessoas transexuais.
A deputada disse ainda que foi procurada por Douglas Garcia que demonstrava preocupação com possíveis consequências para a bancada do partido. Após a revelação, Garcia disse que foi acolhido pelos integrantes da legenda e que o fato demonstra que a imagem de truculência do partido é deturpada.
“Como uma questão particular minha, eu nunca quis trazer a público, porque é uma coisa de foro íntimo minha e eu nunca utilizei como bandeira política etc”, disse.
Ainda de acordo com ele, a sexualidade dele não era segredo e qe amigos mais próximos já tinham ciência. Porém, ele sentiu necessidade de dizer isso, devido a “ameaças” que recebeu após a fala violenta contra transexuais no plenário da Casa.
“Eu ficaria o resto da minha visa resolvido, porque eu sou uma pessoa resolvida e extremamente feliz. Mas como estão chegando essas ameaças e pode ser que muito em breve exploda alguma coisa na internet eu resolvi me antecipar”, afirmou.
A revelação pública de que é gay, contudo, não parece que terá impacto nas pautas conservadoras defendidas por ele. Em postagem nas redes sociais, Douglas disse que continuará lutando contra causas como a que ele chamou de “ideologia de gênero” e outras matérias inclusivas para a população LGBTI+. “Eu sou gay, sim, Mas o movimento LGBT nunca me representou. Eu nunca neguei minha orientação sexual para ninguém”, declarou.
Sobre a acusação de homofobia, Douglas Garcia disse que usou apenas de sua imunidade para demonstrar indignação. “Usei uma figura de linguagem para demonstrar o tamanho da minha discordância, respaldado pela minha imunidade parlamentar”, disse. O episódio, no entanto, levou as bancadas do PSOL, PT e PCdoB a representar por quebra de decoro contra ele, por causa das declarações consideradas homofóbicas.
Entenda o caso
A polêmica começou na sessão dessa quinta-feira na Assembleia Legislativa de São Paulo. Após a deputada Erica Malunguinho (PSOL), primeira parlamentar trans, discursar contra o projeto de lei do deputado Altair Morais (PRB), que estabelece o sexo biológico como o único critério para definição do gênero de competidores em partidas esportivas oficiais no estado.
“Mais uma vez mais uma pessoa tentando precarizar o processo de construção de cidadania de pessoas que já estão em condição de precariedade. Isso é inconstitucional, fere a Constituição, é um absurdo”, disse Malunguinho.
Logo após a fala, Douglas Garcia veio ao microfone para defender o projeto e disparou: “Eu gostaria aqui de parabenizar do projeto de lei do deputado Altair Moraes. É um projeto de lei muito eficiente. Se por acaso dentro do banheiro uma mulher, em que a minha irmã ou a minha mãe, estiver utilizando, e entrar um homem que se sente mulher, ou que pode ter alegando o que ele quiser e colocado o que quiser, porém eu não estou nem aí, eu vou tirar primeiro no tapa e depois chamar a polícia para ir levar”.
Pedido de desculpas
Ainda na sessão de ontem, o parlamentar pediu desculpas pela fala. “Muito embora eu possua imunidade parlamentar, eu gostaria de pedir desculpas caso as palavras que eu tenha proferido mais cedo tenha ofendido alguém.”
Erica Malunguinho também se pronunciou. “Discursos como você proferiu nesse plenário matam vidas todos os dias. Você mencionou aqui, e isso não existe desculpa que apague. Discursos não apagam sentimentos e construção dos seus valores”, declarou.