No dia em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completa um ano preso em Curitiba pela condenação no caso do triplex do Guarujá, movimentos de esquerda e de direita foram às ruas de Belo Horizonte neste domingo (7) se manifestar.
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Lula foi homenageado pelos movimentos sociais e militantes com o canto de um coral, que além de Olê, olê, olá, Lula, Lula, cantou a música Anunciação, de Alceu Valença, que diz “tu vens, eu já escuto os teus sinais”.
Em sua maioria vestidos de vermelho, os manifestantes traziam recados como o de que consideram o ex-presidente um preso político e condenado sem provas. Grandes faixas dizendo que Lula é inocente e pedindo liberdade para o petista foram exibidas. “Quem julga não pode ter partido”, dizia uma delas.
O grupo distribuiu informes contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e a Reforma da Previdência. Nas estampas de camiseta e bótons, a defesa de causas como a da diversidade e dos direitos das minorias. Entre os recados, havia gente perguntando pelo Queiroz, em referência ao ex-motorista da família Bolsonaro, Fabrício Queiroz, investigado por uma movimentação financeira suspeita que inclui depósito para a primeira-dama Michele Bolsonaro.
Contra a ditadura e os generais
A estudante Débora Souza, 17 anos, que disse não ser nem de um extremo nem de outro, criticou a prisão do petista.
Já a professora Olga Lúcia Alves Neto, 60, não considera justa a prisão de Lula por considerar que faltam provas. Mesmo assim, não está otimista quanto a uma revisão do processo.
“Queremos o país de volta, a gente vai continuar na luta mas com esse adiamento e com as ameaças dos generais de que se soltarem ele vão intervir não sei o que pode acontecer”, disse, se referindo ao julgamento de uma possível revisão da prisão em segunda pelo Supremo Tribunal Federal que ocorreria na quarta-feira (11) mas foi adiado.
A presidente do PT de Minas, Cida de Jesus, reafirmou que a prisão de lula foi “injusta” e ocorreu para impedi-lo de concorrer de novo à Presidência do Brasil.
"Lula preso"
A 650 metros da manifestaçaõ favorável a Lula, grupos como Vem pra Rua, Direita Minas e Movimento Brasil Livre levaram bolo e cantaram parabéns pela data da prisão de Lula. Em frente ao Palácio da Liberdade, colocaram um homem dentro de uma grade com uma máscara do petista e segurando sacos representando dinheiro.
Em meio a caminhões de som que tocavam músicas como Pacato Cidadão, do Skank, os manifestantes vestidos em sua maioria de verde e amarelo estamparam bandeiras diversas que incluíam até tornar Jerusalém a capital de Israel.
“Fim do foro privilegiado, fora Maia (presidente da Câmara Rodrigo Maia), fora Alcolumbre (Davi Alcolumbre, presidente do Senado), fecha Congresso e fecha STF”, resumia um dos cartazes que se colocava “contra os absurdos do STF”. Ainda entre os cartazes, um lembrava a visita do ministro Paulo Guedes à Câmara dos Deputados na Comissão de Constituição e Justiça na 4ª feira, com os dizeres “Tchutchuca é a mãe. Reforma da Previdência sim”.
Ao microfone, uma das organizadoras do VPR disse que, no momento, “o pior inimigo do povo é a banda podre do STF”. Em outro palanque, uma senhora dizia que o ministro da Justiça Sérgio Moro é um “salvador”, porque “deu o primeiro passo para salvar o Brasil do comunismo”.
O aposentado Eustáquio Milagres Abreu, 68, disse que ajudou até financeiramente na eleição de Bolsonaro e que faz o que puder a favor do Brasil. “Assisto nas redes sociais e não posso ver a cara do Gilmar Mendes e de outros do STF, vejo eles soltando a turma, recebendo propina. Eles viajando e sendo vaiados, e tem que ser mesmo, porque aquela turminha não tem jeito”, disse.
Contra o STF e a imprensa
Outra que protestou foi a administradora Ana leonor, 68, que disse estar lutando por um Brasil melhor. “Queremos ver se tiram essa corja que está no STF, que são juízes injustos. Somos à favor da Lava-Jato, do Sérgio Moro, do Bolsonaro e de todas as medidas que ele quer aprovar. Precisamos aprovar a reforma da Previdência para o país prosperar”, disse.
Ela manifestou descontentamento com as críticas que o presidente vem sofrendo. “Não é justo o povo contra pensando que o governo conseguiria essa mudança toda em um país destroçado pelos petralhas. Que a imprensa crie vergonha na cara e pare de bater no Bolsonaro”, disse.
A hostilidade com jornalistas também foi manifesta em um banner que trazia a lista de quem os grupos de direita consideram os piores jornalistas do país e em uma vaia à equipe da TV Globo, que precisou se abrigar próximo aos policiais que faziam a segurança do local.