Em meio à crise na relação do governador Romeu Zema (NOVO) com o Legislativo, os deputados estaduais tentam modificar vários pontos da reforma administrativa que aguarda votação na casa. Entre as mais de 100 emendas apresentadas ao texto – que, por falta de acordo, chegou ao plenário sem ser votado em nenhuma comissão –, parlamentares incluíram sugestões contrárias a mudanças pretendidas e até medidas que dizem ser para 'ajudar' o governador a cumprir promessas de campanha.
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Fim dos pilotos
Outra emenda com justificativa semelhante é do deputado Sávio Souza Cruz (MDB), líder de um dos blocos independentes da Casa. Ele propõe o fim do cargo de piloto no estado, mantendo apenas os profissionais do ramo que atuam nas áreas de responsabilidade dos bombeiros e das polícias.
De acordo com o parlamentar, a medida traria economia e vem no sentido de outra promessa de Zema, de não usar os aviões do estado.
Parlamentares do bloco apresentaram outras emendas que, segundo Sávio Cruz, “podem triplicar a economia prevista” com o texto em tramitação, que é de R$ 30 milhões anuais. Entre elas, os deputados propuseram que o governo mantenha a trava que quer retirar para as organizações sociais que fazem convênios com o estado. Hoje, elas têm como teto os preços praticados pelo poder público, mas a proposta de Zema retira esse limite. “Parece que o Novo considera o poder público mais eficiente que a iniciativa privada, mas acho razoável manter como está”, disse Sávio.
Os parlamentares também querem derrubar a extinção da Escola de Saúde Pública, que motivou audiência pública e é refutada por vários parlamentares na Casa.
Outra emenda é para converter os cargos de recrutamento amplo nas secretarias de Fazenda e Planejamento e Gestão em limitados, para que possam ser ocupados somente por efetivos. Com isso, o valor das funções gratificadas cai à metade. Sávio disse que outra proposta apresentada “enxuga” a Secretaria-geral, que abriga o secretário do Partido Novo Igor Eto e para a qual Zema propôs criar cargos.
Manutenção de secretarias
O bloco de oposição, que também apresentou emendas sobre as organizações sociais e para a manutenção manter a Secretaria de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Norte e Mucuri e deixar que o Ipsemg continue vinculado à Secretaria de Planejamento e Gestão da Escola de Saúde Pública, também tem diversas sugestões.
“Se jogar para a Fazenda, como querem, vai ser mantida a regime de caixa e o Ipsemg é hoje quase uma entidade assistencial para os servidores”, justificou o líder André Quintão (PT). Ainda entre os opositores, foi apresentada emenda preservando as atribuições de direitos humanos e agricultura familiar em setores do governo e as competências do conselho estadual de cultura, além de manter as secretarias de Cultura e Turismo separadas.
Integrante do bloco oposicionista, a deputada Ana Paula Siqueira (Rede) apresentou emenda para manter a Subsecretaria de Políticas Sobre Drogas (Supod) com o seu atual status. O texto da reforma rebaixa a pasta a uma superintendência na Subsecretaria de Prevenção à Criminalidade e Políticas sobre Drogas, vinculada à Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, que seria criada. A parlamentar também pede que o assunto seja vinculado à Secretaria de Estado de Governo, já que tem um caráter intersetorial.
A deputada também prepara emenda para garantir o funcionamento do Centro Mineiro de Referência em Resíduos Sólidos. O governo anunciou a intenção de encerrar o empreendimento por falta de recursos. A sugestão é que ele seja transformado em uma unidade vinculada à estrutura da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
Na sexta-feira, o governador em exercício Paulo Brant (Novo) e o secretário de governo Custódio Mattos (PSDB) afirmaram que a relação com o legislativo é “harmônica” e que estão dialogando com os deputados estaduais para que a reforma seja votada. Sobre o alto número de emendas, Mattos disse que eventuais mudanças são parte do trabalho parlamentar. Zema está nos Estados Unidos desde sexta-feira e retorna ao Brasil no dia 15.
O que eles querem mudar
- Que o governador, o vice-governador e os secretários de estado tenham a opção de renunciar às atuais remunerações da função, passando a receber o salário-mínimo
- Como medida de economia, só manter no quadro de pessoal do estado pilotos que atuam nas áreas de responsabilidade dos bombeiros das polícias
- Manutenção da Escola de Saúde Pública
- Converter os cargos de recrutamento amplo nas secretarias de Fazenda e Planejamento e Gestão em limitados, para que possam ser ocupados somente por efetivos. Com isso, o valor das funções gratificadas cai à metade
- Manter a Secretaria de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Norte e Mucuri
- Manter a vinculação do Ipsemg à Secretaria de Planejamento e Gestão
- Preservar as atribuições de direitos humanos e agricultura familiar em setores do governo e as competências do conselho estadual de cultura, e manter as secretarias de Cultura e Turismo
- Transformar o Centro Mineiro de Referência em Resíduos Sólidos numa unidade vinculada à estrutura da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável