O governo Romeu Zema (Novo) começa a encaminhar os primeiros projetos de lei referentes ao regime de recuperação fiscal (RRF) para a Assembleia Legislativa nos próximos dias.
As minutas de algumas propostas já estão prontas, passando apenas por revisão pelos técnicos do Palácio Tiradentes. A expectativa do Executivo é enviar os textos aos poucos e garantir a aprovação de boa parte deles, no plenário, neste primeiro semestre – ainda que a relação com o Legislativo até agora não seja das melhores.
Leia Mais
Deputados propõem mudar reforma para 'ajudar' Zema em promessas de campanhaAcordo com prefeitos deve livrar Zema de ação no STFTucano nega adesão de Zema à velha políticaUnião quer congelar salários de servidores em Minas por recuperação fiscalZema faz apelo por economia nos gastos na entrega da Medalha da Inconfidência Prefeitos querem ''vender'' a bancos dívida de ZemaZema abre nova crise com Legislativo e PSDB cobra posicionamentoDe acordo com o secretário, a meta do governo é debater todas as propostas com os líderes partidários e o presidente da Assembleia, Agostinho Patrus (PV).
O regime de recuperação fiscal é negociado com a União, e envolve uma repactuação da dívida que Minas tem com o Tesouro Nacional, hoje superior a R$ 90 bilhões.
O plano possibilita ainda ao governo estadual ter acesso a financiamentos. Em contrapartida, no entanto, o estado se vê obrigado a adotar medidas impopulares, como a privatização de estatais, aumento da alíquota na contribuição previdenciária dos servidores civis e militares e a proibição de concursos públicos e reajuste salarial.
Até pelo teor das medidas, antes mesmo de chegar à Assembleia Legislativa, deputados ,inclusive da base aliada, avaliam que será difícil a aprovação dos textos. “Mais impopular ainda é o estado não ter dinheiro para pagar hospitais, faltar remédio, faltar recurso para a educação integral.
O próprio Agostinho Patrus reconheceu, em entrevista ao Estado de Minas, que o governo encontrará dificuldade para aprovar o plano de recuperação fiscal na Assembleia. Na noite de terça-feira, o deputado se reuniu com o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), para discutir a experiência do único estado a aderir ao RRF. Depois do encontro, o mineiro afirmou que “o projeto está sendo colocado como uma forma de solução de todos os problemas de Minas, e isso não é verdade”.
O governador em exercício Paulo Brant (Novo) admitiu que o Executivo reconhece a dificuldade para aprovar o plano de recuperação fiscal, mas ressaltou que o Legislativo não será um “obstáculo” a ser superado.
“Ela (Assembleia) vai ser uma parceira na construção de uma solução. A Assembleia está ciente de que a situação do governo é muito difícil e a gente tem que construir em conjunto, Assembleia e Poder Executivo”, disse Brant, durante almoço com empresários em Belo Horizonte. “O governo não vai colocar uma faca no pescoço da Assembleia”, completou.
Para justificar a necessidade da adoção do regime de recuperação fiscal em Minas, Paulo Brant fez um balanço dos primeiros 100 dias da administração de Romeu Zema, completados na quarta-feira.
Ele lembrou que encontraram o caixa do estado em uma grave crise financeira: o orçamento para este ano prevê um déficit de R$ 13 bilhões, o salário do funcionalismo é pago de forma parcelada, o governo Fernando Pimentel (PT) deixou uma dívida de R$ 6 bilhões com os municípios e não quitou o 13º salário do funcionalismo, o que representa uma folha a mais para ser paga pela administração atual.
Reforma administrativa
Outro projeto importante para o Executivo é a reforma administrativa, que prevê a fusão e extinção de secretarias e o corte de cargos comissionados. O texto foi encaminhado à Assembleia no início do governo e já recebeu mais de 100 emendas dos deputados estaduais.
Sem consenso nas comissões temáticas, o prazo regimental para a aprovação do relatório foi ultrapassado e o projeto seguiu direto para o plenário em 28 de março. Desde então, aguarda a designação de um relator para que volte a tramitar.
O regimento interno da Assembleia prevê que, nomeado o relator pelo presidente da Casa, ele terá 24 horas para apresentar o parecer. A partir daí serão contadas quatro sessões de discussão para que possa ser efetivamente votado. Nos bastidores, a expectativa é de que a tarefa caiba ao deputado João Magalhães (MDB). Ontem, Paulo Brant informou que o governo espera que o projeto seja aprovado na semana que vem.
.