Brasília – O presidente Jair Bolsonaro começa a semana em meio a uma força-tarefa para tentar conter a crise que causou após intervir na política de preços da Petrobras na semana passada. O chefe de Estado tem pressa para reverter o cenário, por conta da semana curta que está por vir, com o feriado da Semana Santa.
Bolsonaro se reúne hoje com o secretário especial de Desestatização Desinvestimento do Ministério da Economia, Salim Mattar, e com os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Economia, Paulo Guedes. O economista retornou ontem dos Estados Unidos, onde se reuniu com investidores e empresários.
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Bolsonaro temia uma nova greve dos caminhoneiros, similar à paralisação que ocorreu no ano passado, que causou desabastecimento no país por 10 dias. Depois da primeira vitória com o governo, a categoria quer ainda conversar com o setor do agronegócio para fazer com que a lei dos preços mínimos do frete seja cumprida.
A demanda é antiga do grupo, uma vez que foi negociada ainda em 2018, como uma das medidas compensatórias para encerrar o movimento.
De acordo com o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, serão discutidos na reunião os aspectos técnicos da decisão, considerada uma intervenção indevida por especialistas.
Visita ao vice
Ao anunciar o encontro, na última sexta-feira, Bolsonaro ressaltou, entretanto, que a política do governo é de “mercado aberto e de não intervenção na economia”. Ele, inclusive, havia afirmado que não defendia práticas “intervencionistas” nos preços da estatal. Mal vista pelos investidores, a decisão fez com que a companhia perdesse R$ 32,4 bilhões em valor de mercado e as ações caíssem 8,5% na Bolsa de Valores de São Paulo.
Desde que decidiu vetar o reajuste de 5,7% no diesel, Bolsonaro preferiu não falar sobre o assunto à imprensa. Ontem, não foi diferente. Em uma visita de cortesia ao vice-presidente Hamilton Mourão, no Palácio do Jaburu, que se recupera de uma cirurgia para tratar uma tendinite no cotovelo, o chefe do Planalto não quis comentar o assunto.
Bolsonaro também ficou em silêncio nas duas vezes em que saiu do Palácio da Alvorada. Com roupas informais, acenou, cumprimentou e tirou fotos com apoiadores e turistas que cercavam o local. Contudo, preferiu não responder às perguntas dos jornalistas.
Na manhã de ontem, Mourão fez uma publicação no Twitter, dizendo que passaria o fim de semana “afastado do front”.
“Tive de passar por uma punção no Hospital das Forças Armadas, para aliviar a dor causada por uma tendinite no cotovelo direito”, escreveu na postagem. O vice-presidente comentou que já está medicado, na companhia da família, e que passava bem. O procedimento feito no cotovelo de Mourão é considerado simples e teve o objetivo de retirar o líquido inflamatório que havia se acumulado na região, o que pode provocar, entre outras coisas, tendinite ou bursite.