O governador Romeu Zema (Novo) reassume nesta segunda-feira (15) o comando do estado com mais uma crise para solucionar com o Legislativo mineiro. Desta vez, terá de conter a insatisfação criada no PSDB, maior partido aliado da sua gestão, pela declaração que deu a uma revista, de que todos os ex-governadores de Minas maquiaram contas.
Diante da fala, o presidente do PSDB de Minas Gerais, deputado federal Domingos Sávio (PSDB), cobrou nesta segunda-feira (15) um posicionamento em relação à legenda.
“É uma boa oportunidade para o Zema deixar claro que tipo de relação quer com o PSDB. Nós queremos colaborar com o governo para ter bons resultados, mas é preciso também que o governador nos trate da mesma forma, com respeito e consideração”, disse o dirigente.
Inexperiência e infelicidade
Domingos Sávio atribuiu a fala do governador à “inexperiência” e "falta de traquejo na política” e disse atuar como bombeiro, para amenizar a situação.
“Ele pode ter tido a infelicidade de generalizar, como se fossem os governos anteriores mas na verdade foi o governo anterior que entregou a ele um estado destruído. Prova disso é que o próprio Pimentel continuou com as contas em dia durante metade do seu mandato, pagava salário e fornecedores em dia. Então é óbvio que herdou o estado em situações normais”, disse.
Espero que rapidamente mais esse ato demagógico e mentiroso seja desmentido ...não se trata de um fato verdadeiro e não é assim que tratamos aliados. Que esse final de semana lhe sirva para rever seus conceitos %u2066@RomeuZema%u2069. pic.twitter.com/d6Dkfx5oTT
%u2014 Gustavo Valadares (@depgustavo) 13 de abril de 2019
Mentiroso
A ferida com os tucanos foi exposta publicamente no fim de semana pelo líder do bloco governista na Assembleia, Gustavo Valadares, que usou o Twitter para criticar Zema pela declaração dada à revista Istoé Dinheiro.
“Espero que rapidamente mais esse ato demagógico e mentiroso seja desmentido ...não se trata de um fato verdadeiro e não é assim que tratamos aliados. Que esse final de semana lhe sirva para rever seus conceitos, Romeu Zema”, postou Valadares, que nesta segunda-feira disse que o que tinha a dizer estava escrito na rede.
Conversa
O deputado Luiz Humberto Carneiro, líder do governo de Zema – que também é tucano e ocupou a mesma função no governo do agora senador Antonio Anastasia – admitiu a derrapada e disse esperar “contornar a situação” junto com o governador.
“O governador está se equivocando. Não que seja mentira, mas realmente é uma inverdade porque isso não aconteceu. Todos lá (na Assembleia) participaram de governos anteriores e não tem nada de errado, os orçamentos e as contas foram aprovados pelo Legislativo”, disse.
Para o tucano, a fala de Zema sobre a maquiagem das contas foi fruto de má informação e isso é coisa do passado. “Ele chega hoje ou amanhã e devemos conversar sobre isso”, afirmou.
A crise foi criada durante viagem do governador Romeu Zema aos Estados Unidos, do dia 5 de abril até esta segunda-feira. No período, o vice Paulo Brant assumiu o comando do estado.
Nenhum projeto aprovado
O governador Romeu Zema não conseguiu aprovar nenhum projeto na Assembleia desde o início de sua gestão. A proposta de reforma administrativa enviada ao Legislativo aguarda a designação de relator no plenário, já que não houve acordo para que fosse votada nas comissões.
Mais de 100 emendas já foram apresentadas alterando as principais medidas pedidas pelo Executivo como a extinção ou incorporação de órgãos da administração. Os parlamentares também querem acabar com o excesso de poder dado ao governador ao remeter mudanças a decretos.
Outro lado
O governador Romeu Zema afirmou ao Estado de Minas que a expressão "maquiagem" que usou para falar dos governos anteriores em entrevista à revista Istoé Dinheiro foi "imprópria". Questionado sobre as cobranças dos tucanos, disse que se referia ao registo do pagamento de aposentados na folha de pessoal.
“Esclareço que tenho consciência de que a prática de registrar pagamentos de aposentados fora da conta de pessoal era permitida pela interpretação vigente, nos mandatos anteriores, nas normas da Lei de Responsabilidade Fiscal. Logo, a conduta era legal, à época. Foi imprópria a expressão de “maquiagem” constante na matéria”, disse.
Zema disse que o "ponto de vista" que expôs foi que "a vigência dessa interpretação impediu constatar, ao tempo, que a despesa de pessoal, na realidade, estava comprometendo mais a receita do que aparecia nas prestações de contas, prejudicando, portanto, o conhecimento da gravidade da evolução das finanças estaduais".
O governador afirmou ainda que seu objetivo é resolver os problemas do estado. “Para tanto, deixaremos o passado para trás em favor de um futuro melhor com união e diálogo”, finalizou.