A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, enfrentou seu momento mais tenso no cargo bem longe do gabinete em Brasília. A decisão que deixou o Supremo Tribunal Federal em suspense por cerca de quatro horas veio dos Estados Unidos, onde Raquel curte alguns dias de férias.
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Toffoli ignora PGR e prorroga por 90 dias inquérito sobre ofensas ao SupremoInquérito 'multiuso' sobre ofensas ao STF está arquivado e pronto, avisa PGRInquérito contra fake news e censura à imprensa desgastam o STFNão foi um ato impensado. As discussões sobre que medida tomar começaram na segunda-feira, 15. Depois de fazer contatos com a cúpula da Procuradoria, como o vice-procurador geral Luciano Mariz Maia, Raquel decidiu por assinar a manifestação que determinou o fim do inquérito e a anulação das provas colhidas e das medidas determinadas pelo relator, Alexandre de Moraes. Algo que, horas depois, foi ignorado pelo ministro e pelo presidente do Supremo.
Raquel vinha fiel ao seu estilo de não se posicionar publicamente. Sua única atuação neste caso, até agora, tinha se limitado a um pedido de informações à Corte, o que foi sumariamente ignorado e considerado "pouco" pelos seus pares diante de tantas polêmicas envolvendo o inquérito contra fake news.
Disputa
Indicada para a Procuradoria pelo ex-presidente Michel Temer, Raquel tem mandato até setembro.
Ao atuar de forma mais incisiva nesta terça-feira, 16, Raquel ganhou pontos entre seus colegas procuradores. Mas houve quem observasse que faltou uma defesa enfática à liberdade de imprensa na sua manifestação. Por determinação do inquérito que ela tentou anular, dois órgãos de imprensa tiveram uma reportagem retirada do ar.
Raquel voltará ao Brasil no domingo e, até lá, deve decidir se vai recorrer do "contra-ataque" do STF. .