O presidente Jair Bolsonaro mandou nesta quinta-feira, 18, o ministro da Cidadania, Osmar Terra, demitir o general Marco Aurélio Costa Vieira do cargo de secretário especial do Esporte. O militar era apadrinhado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, que tentou mantê-lo na função.
Para o lugar de Vieira na secretaria irá o general Décio dos Santos Brasil, que é primo do ex-governador Ciro Gomes (PDT). A indicação de Brasil passou pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e do chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, que também são generais. Ao fim, o próprio presidente teria chancelado o nome dele para a secretaria. Vieira caiu porque tentava articular a volta do Ministério do Esporte.
A relação entre o ministro Osmar Terra e o ex-secretário não estava boa. Na semana passada, o ministro não gostou de saber que o subordinado se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro sem comunicá-lo. Vieira atuou como diretor executivo de Operações dos Jogos Olímpicos do Rio e dirigiu o revezamento da tocha olímpica em 2016. Ele ficou 107 dias à frente da Secretaria Especial do Esporte. Procurado pela reportagem, não quis dar entrevista.
Na semana passada, Osmar Terra tentou minimizar as especulações sobre a saída de Vieira e sinalizou que não haveria mudança. "Nossa dificuldade é juntar três ministérios em um e fazer funcionar lá na ponta. Não tem de ficar mudando secretários. Tem é de fazer eles trabalharem e todos estão." Ele reconheceu, no entanto, um "jogo de interesses e de bastidores", sem especificá-los. "Ele (Vieira) tinha uns assuntos dele, específicos, para tratar com o presidente."
A secretaria do general Brasil tem um orçamento de R$ 500 milhões, de um total de R$ 97 bilhões do Ministério da Cidadania, e herdou as atribuições do extinto Ministério do Esporte. A estrutura da área foi reduzida no governo Bolsonaro. No início do ano, 211 cargos e funções foram transferidos para a Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia.
O órgão é responsável por autorizar a destinação de recursos da Lei de Incentivo ao Esporte, uma espécie de "Lei Rouanet" da área, que patrocina projetos por meio de renúncia fiscal com um teto anual de R$ 400 milhões.