Jornal Estado de Minas

Deputados cancelam sessão na ALMG para tentar acordo sobre reforma administrativa de Zema

Por falta de acordo em torno da reforma administrativa, os deputados estaduais suspenderam inicialmente e, pouco tempo depois, cancelaram a reunião plenária, marcada para tarde desta quinta-feira, que poderia se tornar a primeira para a discussão do texto encaminhado à Casa pelo governo Romeu Zema (Novo).

O fim de 80 mil vagas nas escolas em tempo integral é o motivo da polêmica entre governo e oposição e emperra a votação da reforma administrativa na Assembleia Legislativa. Se de um lado os governistas alegam que não há recursos em caixa para manter o programa – o custo é de R$ 300 milhões ao ano –, do outro as bancadas da oposição e dos chamados independentes alegam que a medida atingirá justamente a população mais necessitada de manter os filhos na escola.


Depois de várias reuniões entre os deputados ao longo da tarde, a reunião plenária foi encerrada e desconvocadas as sessões previstas para esta sexta-feira.

Duas emendas foram apresentadas para tentar minimizar o problema: uma que recompõe as vagas existentes em dezembro de 2018 (cerca de 111 mil) e outra que disponibilizada 10% das vagas no ensino público estadual para o tempo integral (o que praticamente volta com todas as matrículas).

As emendas não foram contempladas no relatório do deputado João Magalhães (MDB), lido no plenário na tarde de quarta-feira. Os 36 deputados que integram as bancadas autoras das emendas pressionam para a inclusão das modificações no texto.

“Estamos tentando um acordo político em torno da escola em tempo integral. Mas o governo não está concordando, o que está gerando o impasse", afirmou o deputado André Quintão, líder do bloco da oposição.


Se a regra não for incluída no texto, os parlamentares prometem obstruir as votações da reforma, por enquanto marcadas para terça-feira pela manhã. Outra alternativa é pedir destaque das emendas, o que significa a votação separada delas. A expectativa do deputado Cássio Soares (PSD), líder do bloco independente, é que o texto receberia 70 votos pela aprovação.

O deputado Guilherme da Cunha (Novo) afirmou que a reforma tem sido motivo de várias conversas nos bastidores da Assembleia, inclusive a questão envolvendo as vagas na escola integral. Mas ele reiterou que dificilmente o governo poderá acatar a sugestão dos colegas, por falta de recursos em caixa.

“Se surgir uma medida que possa permitir esse atendimento dentro da nossa realidade financeira, será muito bem vinda”, afirmou o parlamentar.

Darcy Ribeiro

Diante do impasse, já começou a circular na Assembleia uma lista para a criação de uma frente parlamentar para discutir o assunto em Minas, batizada de Darcy Ribeiro – em homenagem ao antropólogo e escritor conhecido pela atuação a favor da educação no Brasil.

De acordo com o deputado Alencar da Silveira (PDT) mais de 30 deputados já assinaram o documento.
A ideia é ainda apresentar uma proposta de emenda à Constituição para que seja obrigatório em Minas a oferta de escolas públicas com ensino integral.

A reforma administrativa já recebeu cerca de 300 emendas, das quais 41 foram acatadas por João Magalhães. Em razão das discussões entre os deputados, a expectiva é que um novo texto seja lido no plenário.

A partir da apresentação do relatório, é aberto o prazo para discussão em até quatro reuniões. Terminada essa fase, há a votação. A aprovação ocorre por maioria simples, com pelo menos 39 deputados em plenário.

Entre as regras previstas no texto está a redução de 22 secretarias para 12, cortes no número de cargos comissionados e proibição do acúmulo de funções de secretários com cadeiras em conselhos administrativos de estatais.

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