Em entrevista aos jornais El País e Folha de S.Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem o tratamento diferenciado dado a ele e ao presidente Jair Bolsonaro. "Eu estou achando estranho essa tal dessa milícia do Bolsonaro. Cadê aquele cidadão dos R$ 7 milhões Fabrício Queiroz, ligado a Flávio Bolsonaro? Cadê a imprensa que não está atrás do Queiroz? Então, é o seguinte, o Brasil tem dois pesos e duas medidas", afirmou. "Eu, ex-presidente da República, sem nenhuma prova, foram na minha casa, recebi vários policiais. O seu Queiroz não atendeu a nenhum pedido para depor no Ministério Público e a Polícia Federal não foi buscar ele ainda", disse Lula.
Lula também criticou o que chamou de complexo de vira-lata do atual presidente. "No dia em que eu sair daqui, eles sabem, eu estarei com o pé na estrada. Para, junto com esse povo, levantar a cabeça e não deixar entregar o Brasil aos americanos.
O ex-presidente do Brasil, de 2003 a 2011, disse que não esperava que Bolsonaro fosse resolver o problema do País em quatro meses. "Quem acha que em cem dias pode apresentar alguma coisa, realmente não aprendeu a sentar a bunda na cadeira. E, depois, com a família que ele tem.
80 tiros
Lula também criticou o posicionamento do governo no episódio em que policiais militares fuzilaram um carro de família no Rio com mais de 80 tiros, no início de abril, matando o músico Evaldo dos Santos Rosa, e o catador que foi ajudar a família baleada, Luciano Macedo. "Os policiais do Exército dão 80 tiros num carro, matam um negro. E vai a imprensa perguntar para o ministro da Justiça Alexandre de Moraes e ele fala: 'Isso pode acontecer'. É por isso que eu não tenho o direito de baixar a cabeça, de ficar esmorecido, fraquejar. Eu estou mais tinhoso que nunca.
Moro
O ex-presidente Lula afirmou nesta sexta-feira (26), em entrevista exclusiva concedida à Folha e ao jornal El País, ter obsessão para "desmascarar" o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, responsável por sua condenação no caso do tríplex de Guarujá (SP).
Lula também afirmou que, na atual gestão Jair Bolsonaro (PSL), o Brasil está sendo governado por "um bando de maluco".
Após uma batalha judicial na qual a entrevista chegou a ser censurada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), decisão revista na semana passada pelo presidente da corte, Dias Toffoli, o petista recebeu os dois veículos, em uma sala preparada pela Polícia Federal na sede do órgão em Curitiba, onde está preso desde abril do ano passado..