Depois de quase três meses de tramitação e polêmicas, o governo Romeu Zema (Novo) finalmente conseguiu ver, nesta terça-feira, a aprovação da reforma administrativa pelos deputados estaduais, com 66 votos favoráveis, nenhum contrário e nenhuma abstenção.
As novas regras, que incluem a redução de 21 para 12 secretarias e o corte de cargos comissionados no Executivo, deverão gerar uma economia de R$ 900 milhões em quatro anos de governo, sendo R$ 120 milhões com a folha de pagamento.
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Zema decide manter vagas de tempo integral em negociação pela reforma administrativaDeputados cancelam sessão na ALMG para tentar acordo sobre reforma administrativa de ZemaDados sigilosos da reforma da Previdência serão liberados nesta quintaDeputados barram jeton para secretários em reforma administrativa de Zema'Pagar jetons a secretários não é correto', diz governador Zema Jeton: Mais três secretários de Zema são indicados para conselhoManobra de deputados limita cargos comissionados no governo ZemaO fim de 80 mil matrículas era um dos pontos de embate com o governo e emperrava a votação da reforma administrativa apresentada pelo Executivo em fevereiro.
Durante a reunião plenária da tarde, o governo enviou uma mensagem em que confirma acordo com os blocos de oposição e independentes – que somam 36 deputados. A promessa envolve a manutenção imediata de 30 mil vagas, reabertura de mais 25 mil matrículas em agosto e 55 mil em fevereiro do ano que vem. Desta forma o governo garantiu a permanência das 110 mil cadeiras existentes em dezembro do ano passado.
No entanto, o fato de o documento ter sido assinado pelo secretário de Governo, Custódio Mattos (PSDB), gerou uma nova discussão no plenário, levando à interrupção na votação. Enquanto o deputado Alencar da Silveira Júnior (PDT) argumentou que um secretário não tem mandato e por isso um documento com a assinatura dele não seria confiável, o colega Gustavo Valadares (PSDB) tentou rebater com o discurso que deveria ser dado um crédito de confiança ao governo, ou então seria mais fácil “fechar as portas do Legislativo”.
A discussão gerou uma nova suspensão da reunião, que foi retomada horas depois de novas articulações políticas. Outras sugestões apresentadas pela oposição foram acatadas no novo relatório apresentado à noite pelo deputado João Magalhães (MDB), tais como a manutenção do controle do Instituto de Previdência dos Servidores de Minas Gerais (Ipsemg) pela Secretaria de Planejamento (Seplag) – a proposta do governo era vincular o órgão à Secretaria da Fazenda – e da Escola de Saúde Pública, que seria extinta na proposta original.
Na retomada da sessão, após quase duas horas de suspensão, o deputado João Magalhães apresentou seu novo parecer, mas pediu a dispensa da leitura de todos os itens.
Antes de ter o texto aprovado, o governador Romeu Zema ainda recebeu críticas pela forma como a reforma tramitou na Casa. “O governador está recebendo sua primeira lição de administração pública. Nenhum projeto passara por essa Casa sem a apreciação, sem o crivo critico de cada partido, sem o nosso olhar atento”, afirmou deputado Sargento Rodrigues(PTB).
Estrutura técnica
A reforma administrativa recebeu mais de 300 emendas, das quais cerca de 50 foram acatadas no relatório. O líder do governo, Luiz Humberto (PSDB), argumentou que todas as alterações propostas pelos deputados tiveram a concordância técnica do Executivo. “A estrutura técnica do projeto, que era trazer economia para atender bem à população, foi mantida”, afirmou.
Duas emendas que atingem diretamente a equipe do governo foram mantidas no projeto: uma que proíbe o pagamento de jetons aos secretários estaduais que acumulam a função com cargos em conselhos de estatais – o que muitas vezes triplica o contracheque deles – e outra que dá a prerrogativa ao governador, vice-governador e secretários de abrir mão dos salários ou mesmo optar por receber um salário mínimo.
Sobre essas emendas, Luiz Humberto afirmou que é favorável a uma forma de elevar o salário dos secretários.