A advogada Eduarda Meyka Ramires publicou um texto em suas redes sociais na terça-feira passada, dia 30, relatando que foi impedida de entrar no prédio do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO), no dia 26 de abril, por causa das roupas que vestia. Eduarda conta que foi abordada, às 8h, em saguão "lotado", por dois servidores que alegaram que a advogada estava "com tudo pra fora".
"As pessoas me olhavam para averiguar, aparentemente, se eu realmente estava desnuda", diz Eduarda. A advogada diz que apresentou uma peça contra o Estado e destaca em sua publicação um trecho inicial do documento, no qual chama atenção para o fato da requerente ser mulher. Junto ao texto, Eduarda postou fotos das roupas que vestia na ocasião.
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De terno a cocar: entenda a polêmica das roupas e indumentárias na Câmara de BHEm ilha, presidente eleito lava roupaCandidatos à Presidência adotam discurso velho com 'roupa nova"A advogada diz ainda que a portaria sobre vestimentas é "claramente machista e feita para as mulheres" e que o Tribunal de Justiça deveria acolher a diversidade e "ser justo".
Segundo Eduarda, a situação "jamais ocorreria com um homem", que não tem de "pensar minuciosamente qual roupa trajar para não correr o risco de ser humilhado na frente de estranhos".
A Comissão Nacional da Mulher Advogada (CNMA), a Comissão Nacional de Defesa das Prerrogativas e Valorização da Advocacia (CNDPVA) do Conselho Federal da OAB, a Comissão da Mulher Advogada (CMA) e Comissão de Defesa de Prerrogativas (CDP) da Seccional da OAB em Rondônia tomaram conhecimento sobre o assunto e se manifestaram em nota sobre o ocorrido.
O texto, publicado no site da OAB de Rondônia, afirma que a vestimenta profissional da advocacia feminina não tem por padrão o uso de terno e gravata e que compete à Ordem dos Advogados do Brasil disciplinar sobre a vestimenta em espaço forense.
A nota destaca: "toda mulher, enquanto cidadã de um país em que a Constituição assegura a igualdade entre homens e mulheres, tem que ter garantido o seu direito de se vestir livremente sem se sentir em perigo ou ter seus direitos mitigados em razão de suas escolhas de vestimenta".
A OAB Rondônia afirma que já enfrenta as vistorias pelas quais as mulheres e advogadas passam diariamente nas unidades judiciárias do Estado. Segundo o texto, as mulheres têm suas bolsas revistadas e são expostas à situações constrangedoras e abusivas.
A seccional destaca que reforçará o pedido ao Tribunal de Justiça de Rondônia para que o provimento interno quanto a vestimentas femininas seja revisto.
'Imediata apuração'
O TJ-RO se manifestou com a seguinte nota:
"O Poder Judiciário do Estado de Rondônia torna público que determinou a imediata apuração dos fatos noticiados pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Rondônia, visando esclarecer os fatos e coibir abusos na seleção de indumentária adequada ao ingresso em suas dependências.
"A norma que adota para controle de acesso à suas instalações tem por base as orientações regulamentares do Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal.
Este Tribunal tem por política institucional respeito e bom atendimento a seus jurisdicionados, e a todos os parceiros indispensáveis à efetivação da justiça.
Oportuno reafirmar respeito e admiração por Advogadas e Advogados que, diariamente, ali exercem sua profissão.".