O presidente Jair Bolsonaro fez um afago ao eleitorado evangélico, nesta quinta-feira, 2. Acompanhado de líderes religiosos no Congresso, Bolsonaro participou do 37º Congresso Internacional dos Gideões Missionários da Última Hora, entidade ligada à Assembleia de Deus, um dos maiores eventos pentecostais do sul do País, por onde devem passar 100 mil pessoas ao longo de uma semana.
A uma plateia de mais de 5 mil pessoas que lotou o ginásio Irineu Bornhausen, em Camboriú (SC), e outros milhares que acompanharam o evento do lado de fora, Bolsonaro classificou seu governo como uma "missão de Deus" e admitiu não ser o mais preparado entre os candidatos. "Vocês sabem que Ele não escolhe o mais capacitado, mas capacita os escolhidos", afirmou o presidente.
Leia Mais
Bolsonaro vai a cerimônia de formatura de diplomatas do Instituto Rio BrancoItamaraty foge de padrão ao condecorar Eduardo e Flávio BolsonaroBolsonaro exalta Israel em discurso para evangélicos: 'a terra de Jesus'Depois da facada, as imagens da bênção viralizaram nas redes sociais. Na ocasião um pastor perguntou a Bolsonaro se ele aceitaria uma prece por sua vida e sua família. Ele aceitou.
Foi também a primeira viagem de Bolsonaro a Santa Catarina, Estado onde o presidente teve a maior votação no primeiro turno das eleições do ano passado (65,82% dos votos válidos). Ao lado do deputado Marco Feliciano (Podemos-SP), do líder da frente evangélica na Câmara, deputado Silas Câmara (PRB-AM), e do ex-presidente da frente, deputado João Campos (PRB-GO), Bolsonaro faz um aceno ao eleitorado evangélico depois de ter recuado na promessa de transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
O evento, com trechos traduzidos para o inglês, francês, espanhol e chinês, foi transformado em um desfile de símbolos ligados ao bolsonarismo. Uma orquestra tocou hinos religiosos e marchas militares. A bandeira nacional foi apresentada ao som do hino da bandeira seguido de uma apresentação de crianças do Projeto Cidadão Estudante da Polícia Militar de Santa Catarina que, em marcha, respondiam a ordens de comando de um oficial da PM.
O ministro do Gabinete de Segurança, Augusto Heleno, que é general do Exército, prestou continência para o ex-pracinha Arvelino Bini, de 92 anos, que foi levado ao palco em uma cadeira de rodas. Depois o próprio Bolsonaro homenageou Bini, a quem chamou de "herói vivo", ao som do Hino do Expedicionário.
O presidente exaltou o fato de as Forças Armadas brasileiras terem "lutado para garantir a liberdade" do mundo durante a Segunda Guerra Mundial. "A nossa vida não vale nada se não temos liberdade, disse o presidente.
Na segunda fileira do palco, o empresário Luciano Hang, apoiador de Bolsonaro, foi saudado como uma estrela pela plateia. Ele usava jeans e camiseta verde com a marca de sua rede de lojas ao contrário dos outros homens que vestiam terno. Uma mulher vestida com túnica e turbante carregava uma bandeira de Israel enquanto dançava músicas judaicas.
Gideões
Os Gideões, criados em 1983, realizam projetos missionários em 44 países. O lema do congresso deste ano foi "Ajude-nos a salvar os que estão condenados à morte". Mas a frase não tem relação com a pena capital. Segundo uma das apresentadoras, "os sinais estão aí, Jesus está voltando, mas existem milhões de almas condenadas à morte eterna". De acordo com um pastor, "quem for batizado será salvo e quem não for será condenado".
Na saída, já a alguns quarteirões do local do evento, Bolsonaro desceu do carro e foi cercado por dezenas de pessoas que o saudaram aos gritos de "Mito"..