O deputado federal Paulo Abi-Ackel foi eleito neste sábado, 4, presidente do diretório mineiro do PSDB. Abi-Ackel vai comandar o partido no Estado nos próximos dois anos, em substituição ao também deputado federal Domingos Sávio. O novo presidente encabeçou chapa única e foi escolhido em convenção estadual realizada pela manhã.
O encontro foi realizado em meio à discussão interna para decidir os rumos da legenda nas eleições municipais do ano que vem, após desempenho abaixo do esperado em 2018. A legenda tucana em Minas se divide hoje em duas alas. Uma quer lançar o maior número possível de candidaturas próprias, tendo como principal foco Belo Horizonte, e a outra entende que o momento vivido pelo partido não é bom e defende alianças, inclusive abrindo mão das cabeças de chapa.
O novo presidente do PSDB-MG optou pelo meio-termo e disse que os integrantes do PSDB precisam ser consultados para que a decisão sobre Belo Horizonte seja tomada. "É preciso ver com a militância, que é grande na capital, para definir se teremos candidatura própria ou apoiaremos alguns dos aliados nossos, companheiros antigos nossos que estejam eventualmente em outros partidos", disse Abi-Ackel.
O partido tenta reverter o resultado das últimas eleições tanto no nível nacional, quando o então presidenciável tucano Geraldo Alckmin ficou em quarto lugar, com 4,76% dos votos válidos, e na disputa para o governo mineiro, quando o senador Antonio Anastasia perdeu no segundo turno para Romeu Zema (Novo). Além disso, o prefeito da maior cidade governada pelo PSDB em Minas, Alex de Freitas, de Contagem, deixou a legenda afirmando que não poderia participar da refundação do partido por estar envolvido com o comando de sua cidade.
Para Anastasia, este não é o momento de discutir candidaturas. Ele afirmou, porém, que aprova o governo do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), que poderá tentar a reeleição. "Não é o momento de discutir candidatura. O PSDB está nacionalmente em um processo de reformulação, isso é público e notório. Nós teremos uma convenção nacional, o congresso do partido, e discutiremos algumas questões programáticas no momento oportuno. O que tenho dito publicamente, e não escondo, é que admiro a administração do prefeito Kalil. É um bom prefeito, está bem avaliado."
Aécio
Presente na convenção estadual do PSDB, o deputado federal Aécio Neves disse que o presidente Jair Bolsonaro faz um governo de "principiantes" e defendeu uma postura de independência do PSDB em relação à gestão de Romeu Zema em Minas. "Ambos são governos que estão aprendendo com a roda girando. Não é demérito para ninguém", disse.
Em nota, o Palácio Tiradentes afirmou que "precisa de apoio parlamentar para projetos de necessidade imperiosa para o Estado" e que "os deputados do PSDB são muito importantes para isso". O texto ressalta ainda que é do PSDB o atual líder do governo, deputado Luiz Humberto, chamado na nota de "grande aliado".
Ex-governador do Estado, Aécio já foi a maior liderança do partido em Minas, mas hoje tem atuação discreta após ter se tornado réu na Operação Lava Jato. Um dos incentivadores de candidaturas próprias da legenda, ele negou ter feito algo que possa ter contribuído para a crise do partido. "O tempo é o senhor da razão", disse.
Integrante da Comissão de Relações Exteriores na Câmara, Aécio criticou política externa do atual governo em relação à Venezuela. "Nós saímos de uma política externa com viés ideológico de esquerda, que fez muito mal ao País, como o apoio e fortalecimento do governo Maduro, na Venezuela, que é apenas um exemplo, e começa a ver agora outra face. Na verdade, ao negar esse alinhamento (anterior), o governo Bolsonaro busca um alinhamento à direita, que a meu ver também não corresponde à tradição da política externa brasileira".
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