Numa entrevista com tom bem-humorado ao apresentador Silvio Santos, do SBT/Alterosa, o presidente afirmou que o Brasil não tem dinheiro para obras públicas, como duplicação de rodovias, e defendeu o aumento no limite tolerado de pontos na carteira de motorista e a retirada de radares das rodovias federais.
“Temos um gasto de R$ 750 bilhões por ano com o pagamento de aposentadorias e a diferença aumenta cada vez mais, porque nós estamos vivendo mais. Temos alguns estados em que falta dinheiro para pagar os servidores ativos. No Rio de Janeiro, por exemplo, faltou dinheiro para pagar o 13º salário, e nos municípios a situação é crítica também”, disse o presidente.
Bolsonaro falou sobre demandas apresentadas pelos estados, como a obra na rodovia 163, que, na região do Amazonas, está em péssimas condições, e que não podem ser atendidas pelo governo federal em função da falta de recursos.
Segundo ele, a aprovação de medidas para aumentar a liberdade econômica pode atrair investimentos, mas o cenário hoje do país é de grande burocracia para os investidores.
No início da entrevista, Silvio Santos mostrou um vídeo em que o presidente, ainda candidato, participava de uma apresentação ao lado do humorista Sérgio Mallandro e imitava uma frase dele para ter sorte na corrida eleitoral. "Um colega meu, não sei por que razão, mostrou um vídeo seu, e agora quero te mostrar aqui. Você fez o rá, yeah yeah, glu glu e foi eleito presidente", brincou o apresentador.
"Faroeste" e caça-níquel
Silvio Santos questionou a liberação do posse de armas no Brasil e avaliou que a medida pode criar um cenário de faroeste no país. “Mas olhe o exemplo dos Estados Unidos, lá o porte é liberado”, respondeu o presidente. “Só que lá é outra coisa. Lá, quando um cara faz um negócio errado, ele vai para a cadeia e fica. Aqui no Brasil, não”, rebateu Silvio Santos.
Bolsonaro explicou que o decreto regulamentando a posse já foi assinado, mas ressaltou a diferença para a liberação do porte, que cabe ao Congresso avaliar.
O presidente criticou ainda o excesso de radares nas rodovias brasileiras e classificou os aparelhos como “caça-níqueis para tirar dinheiro da população”. “Qualquer lugar a que você vai está cheio de radar. Com objetivo de aumentar a arrecadação. Tinha 8 mil pedidos para novos radares quando cheguei (ao governo) e não deixamos nenhum ser autorizado. E, nas rodovias federais, quando expirarem os contratos dos radares que aí estão, não vamos renovar nenhum”, anunciou Bolsonarno.
Ao defender a retirada dos radares, o presidente citou a redução nos números de acidentes no feriado da Semana Santa. “Neste feriado, o número de acidentes caiu em 11% e, com certeza, também diminuiu o número de mortos. Se tivesse aumentado, a imprensa falaria que foi culpa minha. Mas estamos no caminho certo. Quero que o povo tenha prazer em dirigir”, disse.
Bolsonaro defendeu também o aumento do limite de pontos que os motoristas podem perder na carteira de motorista e disse ter recebido “sinal verde” do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM), para que a proposta seja apresentada por meio de medida provisória. “Hoje você pode perder 20 pontos com muita facilidade. A intenção é aumentar para 40 pontos”, disse.