A julgar pelo perfil dos bispos eleitos durante a 57ª Assembleia-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunida em Aparecida (SP) até sexta-feira, 10, a Igreja manterá sua atuação, sem "rupturas", reafirmando posicionamentos já conhecidos.
Além da tradição de marcar uma audiência da cúpula com o papa Francisco, a presidência recém-eleita da CNBB pretende se reunir com o presidente Jair Bolsonaro. O objetivo do encontro é abrir um "canal de diálogo" com o governo e discutir temas voltados à Igreja.
Leia Mais
"Cultivemos sempre um coração sensível às dores dos excluídos", pede dom Walmor, eleito na CNBBDom Walmor é eleito em Aparecida (SP) presidente da CNBB'Esse luto há de se transformar pela luz da fé', diz dom Walmor sobre BrumadinhoNa segunda-feira, dia 6, o arcebispo de Belo Horizonte, d. Walmor Oliveira de Azevedo, baiano da cidade de Cocos, foi eleito o novo presidente da CNBB para os próximos quatro anos. Dois vice-presidentes - d. Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS), e d. Mário Antonio Silva, bispo de Roraima -, também foram escolhidos na assembleia-geral.
Doutor em teologia dogmática, d.
Arcebispo emérito de Aparecida, d. Raymundo Damasceno Assis afirmou que, independentemente da troca da cúpula da conferência, a Igreja "não vai mudar", mantendo o olhar dirigido aos "pobres, negros, indígenas, quilombolas, sem-teto e aos desprotegidos". Segundo ele, a Igreja vai intervir se alguma dessas populações "sofrer ameaças ou correr riscos com novas políticas de governo".
D. Raymundo, que foi duas vezes presidente da CNBB, citou o documento Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023, aprovado na segunda-feira pelo episcopado. Com base nessas diretrizes, disse d. Raymundo, a Igreja vai atuar, "buscando contato com autoridades e reafirmando posições, como sempre tem feito".
O arcebispo de Salvador, d. Murilo Krieger, foi na mesma linha. "A publicação de uma nota não depende da assinatura de todos os membros da diretoria." D. Murilo defendeu a independência da Igreja. "Igreja é igreja, governo é governo."
Defensor da causa indígena e de questões ligadas à terra, d. Erwin Krautler, bispo do Xingu, afirmou que ficou satisfeito com os nomes escolhidos na assembleia em Aparecida. Disse que não haverá ruptura de compromissos e que os "ideais" da Igreja estão mantidos.
Sínodo
Arcebispo emérito de São Paulo, d. Cláudio Hummes, relator-geral do Sínodo da Amazônia, foi questionado sobre a preocupação do Planalto com o que considera "agenda de esquerda" por parte da Igreja.
Como mostrou o Estado em fevereiro, informes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e dos comandos militares relataram encontros de cardeais brasileiros com o papa Francisco, no Vaticano, para discutir a realização do sínodo. .