O presidente do PSDB em Minas Gerais deputado federal Paulo Abi-Ackel afirmou, na manhã desta sexta-feira (10), que quem vai decidir se a legenda permanece ou não na base aliada do governador Romeu Zema (NOVO) são os mineiros. A fala é uma resposta à afirmativa do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de que o partido iria continuar apoiando a atual administração do Palácio Tiradentes. O paulista teria interferido no racha dos tucanos mineiros a pedido de Zema, que telefonou para ele nesta semana.
Abi-Ackel condenou a articulação entre os dois governadores para manter o PSDB na base aliada de Zema. “Custo a acreditar que possa ser verdade, porque será a primeira vez na história de Minas que um governador recorre a um estado vizinho para buscar auxílio para solucionar problemas políticos do seu estado. Minas sempre deu os rumos da política do país, não é possível que agora estejamos precisando da ajuda dos outros para cuidar da política mineira”, disse o presidente do PSDB.
Telefonema e mensagens
Zema telefonou para o governador João Doria no último sábado (4), após a convenção do PSDB de Minas Gerais em Belo Horizonte, e os dois trocaram várias mensagens de Whats App. Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, o governador de São Paulo disse que a situação de Minas estaria definida. “O PSDB vai manter seu apoio na base ao governador Romeu Zema. Ele é um homem honesto e decente. Recebeu uma herança maldita do PT, do Fernando Pimentel", afirmou.
Segundo Abi-Ackel, que assumiu a presidência do PSDB mineiro no sábado, no entanto, não há nada resolvido. “A opinião dele (Doria) é respeitada, referência que é dentro do partido, mas não será recebida pelo PSDB de Minas como algo que tenhamos que seguir, porque somos independentes pra decidir os próprios caminhos”, afirmou. O dirigente mineiro disse acreditar que a fala tenha sido um mal-entendido e reafirmou que a permanência ou não na base ainda será decidida.
A divisão no PSDB de Minas em relação ao governo foi exposta no último sábado, quando parlamentares criticaram, em convenção, o governo Zema e defenderam que o partido deixe a base para se tornar independente. Desde então, os articuladores políticos trabalham nos bastidores para reverter a possível debandada. O próprio governador, que não é muito adepto de afagos políticos, foi a público dizer que considera os deputados do PSDB “muito importantes”.
Zema recorreu a Doria, que tem diferenças internas com o deputado federal Aécio Neves e com parte do PSDB mineiro, para tentar manter os aliados. Foi do ex-governador mineiro uma das falas mais contudentes contra o governador, que segundo ele não segue a linha ideológica do PSDB ao defender o “estado mínimo”.
Embora a direção estadual e parlamentares federais defendam a saída do governo, deputados estaduais capitaneados pelo líder do governo Luiz Humberto, que é do PSDB, defendem a permanência da base. “O deputado Luiz Humberto se manifestou e estamos de acordo de continuar caminhando juntos com o governo Zema, temos todos que procurar ajudar a construir uma Minas Gerais melhor”, disse o deputado Dalmo Ribeiro.