Brasília – A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes) disponibilizou um painel com dados do contingenciamento de verbas nas universidades federais. De acordo com o levantamento, o bloqueio varia de 15,82% dos recursos discricionários, como ocorreu na Universidade Federal de Juiz de Fora, a 53,96%, como na Universidade Federal do Sul da Bahia.
Leia Mais
Moro diz ser 'natural' que ocorram protestos contra contingenciamento na EducaçãoGovernos de Dilma e Temer também cortaram verbas da educação Ministro da Educação explica na Câmara bloqueio de verbas das universidades; assistaVÍDEO: Audiência com ministro da Educação termina em confusão na CâmaraO presidente da Andifes, Reinaldo Centoducatte, disse que os valores abatidos ganham peso maior levando em conta que o governo liberou, até agora, apenas 40% do orçamento das instituições federais de ensino, quando as instituições se programaram para um gasto de 50% no primeiro semestre. “Teremos poucos meses para absorver qualquer impacto de redução. Já estamos em maio. Já temos pagamentos de serviços prestados. Com 30% desse contingenciamento, teremos 3,6 meses sem trabalhar. Como vamos fazer? Reduzir para dois meses? Fomos pegos de surpresa”, afirmou.
O presidente da Andifes disse, ainda, que as federais não podem sangrar à espera da reforma da Previdência, que, segundo o governo, pode gerar maior arrecadação.
Conforme a Andifes, o percentual bloqueado das universidades será mais pesado para as instituições que não recebem outros valores além do repassado pelo governo federal. Quem explica é Poty Lucena, do Fórum Nacional de Pró-reitores de Planejamento e Administração das Universidades, entidade ligada à associação. Isso acontece pois cada universidade tem tamanho e verba diferentes.
O Ministério da Educação bateu na mesma tecla. Em nota, afirmou que “do montante obrigatório, não afetado pelo bloqueio preventivo, ressalta-se as despesas com pessoal. Os gastos com folha de pagamento chegam a 85% do valor do orçamento, ou seja, já extrapola até os limites dos estados na Lei de Responsabilidade Fiscal”. Secretário-executivo da pasta, Antônio Paulo Vogel afirmou que as universidades têm margem de manobra para os gastos.“Temos 100% de orçamento discricionário, contingenciamos 30%. Então tem ainda 70% para executar”, disse. “As universidades estão muito longe ainda do limite que possuem”, afirmou.
Decreto reduz a autonomia
O presidente Jair Bolsonaro assinou decreto que tira a autonomia de reitores das universidades federais para nomear o segundo escalão administrativo das instituições.
O Decreto nº 9.794, que entra em vigor em 25 de junho, diz que compete à Secretaria de Governo da Presidência da República avaliar as indicações “de dirigente máximo de instituição federal de ensino superior”. O ato também institui o Sistema Integrado de Nomeações e Consultas (Sinc), um sistema on-line de registro e análise de “indicações de cargo em comissão ou de função de confiança no âmbito da administração pública federal”. Atualmente, os reitores passampor uma eleição entre a comunidade acadêmica e são nomeados pelo ministro da Educação entre os indicados em uma lista tríplice..