O governador Romeu Zema (Novo) quer o ex-presidente da Copasa Ricardo Simões de volta ao comando da empresa. O nome já foi anunciado, mas terá de ser formalizado junto da escolha dos novos conselheiros da administração. Isso porque os atuais integrantes do Conselho de Administração da empresa se negaram aprovar a indicação, alegando que havia erro no rito adotado pelo governo para a troca de comando. Simões presidiu a empresa na gestão do grupo do PSDB no estado, quando ocorreu a maior crise hídrica na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
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Secretários de Zema são indicados para conselhos que pagam jetonZema diz que privatizações só ocorrerão quando estatais estiverem 'valorizadas'Aliado de Dilma indicado por Zema é aprovado para conselho da CemigIndicado pelo governo Zema, técnico ligado ao MDB é o novo presidente da Copasa Engenheiro ligado a grupo político do MDB vai presidir a CopasaAssembleia de MG quer impedir estatais de pagar transporte e hospedagem de conselheirosO conselho da Copasa comunicou ao governo sobre a negativa, que seria por questões ideológicas. Fontes alegam que a atual administração, que continua com indicados do PT, estaria dificultando a troca de comando na Copasa. A argumentação usada seria o fato de que Simões teria gerado prejuízos e deixado de tomar providências para evitar uma crise hídrica no estado.
A presidente do conselho da Copasa, Flávia Mourão Parreira do Amaral, que é ligada ao PT, nega que a negativa tenha algum viés ideológico.
A dirigente confirmou que houve uma comunicação do governo e que Ricardo Simões foi apontado como nome para comandar a Copasa. Segundo ela, no entanto, é preciso trocar o conselho atual para eleger a nova diretoria. “É preciso que o conselho que vai ratificar ou eleger esses nomes se responsabilize por acompanhar e fiscalizar a nova diretoria e se responsabilize por prestar contas. Então, primeiro se elege o conselho e depois ele elege a diretoria, para que tenha responsabilidade”, afirmou.
Em 2015, no início da gestão petista, Ricardo Simões foi chamado a dar explicações sobre a situação hídrica do estado. Segundo o então governador Fernando Pimentel e seus aliados, ele teria ignorado alertas relativos a uma possível situação de desabastecimento. Na mesma época, prefeitos da Região Metropolitana de Belo Horizonte afirmaram que o ex-presidente teria deixado de fazer investimentos e que também alertaram para uma possível crise hídrica.
Crise hídrica
Em novembro de 2014, quando Simões ainda administrava a Copasa, o volume do reservatório Serra Azul, que compõe o Sistema Paraopeba, responsável por boa parte do abastecimento da RMBH, chegou a 5,2% e ligou o alerta para o risco de racionamento. O problema só foi solucionado em dezembro de 2015, com a inauguração da captação direta do Paraopeba.
Na ocasião, Simões, que é funcionário de carreira da Copasa, negou as acusações, disse ter feito um planejamento para o aumento de consumo de água e que a estiagem prolongada pegou todos de surpresa. O ex-presidente disse hoje que não iria comentar o assunto.
Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes) informou que já solicitou ao atual Conselho de Administração a chamada de assembleia geral dos acionistas. “A mesma deverá ocorrer no prazo legal de 30 dias. Na próxima assembleia, o atual conselho será destituído e haverá eleição dos novos conselheiros. Com a posse do conselho, o novo diretor-presidente será indicado”.
Simões não é o único nome de gestões passadas a ser indicado pelo governo de Minas. Em março, o ex-presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Donizete Rufino, foi indicado para compor conselho da Cemig. Rufino era braço direito da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e foi um dos responsáveis pela medida provisória que levou a um tarifaço nas contas de luz dos consumidores em 2015..