Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o arcebispo de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, afirmou que o "caminho da paz" não será construído "pela força das armas". "Tememos o que pode acontecer numa sociedade cheia de polarizações", disse ele sobre o recente decreto do presidente Jair Bolsonaro que flexibilizou a posse e o porte de armas.
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Bolsonaro muda decreto de armas e cidadão comum não poderá comprar fuzilGoverno reavalia decreto das armasMoro afirma ser natural que decreto de armas seja questionadoCCJ do Senado aprova projetos que derrubam decreto de armas de BolsonaroO novo presidente da CNBB defendeu ainda a importância de uma atuação da Igreja "sem ser partidária". "O ponto de partida é o diálogo. Diálogo para poder dizer aquilo que a Igreja tem a dizer para além de qualquer tipo de ideologia ou partidarização."
Como será a relação da CNBB com o governo federal?
O ponto de partida da relação com o governo federal e com todas as instâncias de governo, assim como com outros segmentos da sociedade, é o diálogo. Diálogo para ouvir e ser ouvido, para poder dizer aquilo que a Igreja tem a dizer para além de qualquer tipo de ideologia ou partidarização, pela força de seu Evangelho.
O País tem mais de 13 milhões desempregados. Como o senhor analisa essa situação?
Quando a gente constata cenários de pobreza e de miséria, isso nos aflige. Inclusive deve nos envergonhar, exigindo de nós que encontremos novos caminhos. Porém, há urgência de novas respostas.
O que o senhor pensa a respeito da questão da flexibilização da posse e do porte de armas?
Não compreendemos que o caminho para a paz, para o entendimento, para a solidariedade, nós construiremos pela força das armas. Nós construiremos pela força da educação, pela força do diálogo, do amor. Não é para nós uma opção dizer que vamos trabalhar mais a paz exatamente com uso de armas. Pelo contrário. Tememos o que pode acontecer numa sociedade como a nossa, cheia de polarizações.
Cortes na Educação levaram a protestos nas ruas. Como o sr.
A justificativa dada é de otimização de recursos. Mas a Educação não pode sofrer cortes por ser uma prioridade das prioridades. Não pode sofrer cortes de modo que, por exemplo, a pesquisa pare. Não podemos cortar de modo que a educação de base não seja qualificada. É preciso muito discernimento para se fazer isso sem prejuízos não apenas hoje, mas nas gerações futuras.
Qual é o ponto principal para o Sínodo da Amazônia?
O grande foco importante é a evangelização. É a Igreja presente na Amazônia levando o Evangelho de Jesus Cristo para ser assimilado, desdobrado, com consequências para uma vida melhor, um desenvolvimento integrado. Esse é o nosso caminho. O compromisso de construir uma sociedade justa e solidária é um compromisso inarredável.
Na Amazônia, há a questão da imigração de venezuelanos. O Sínodo vai tratar do tema?
Certamente esse será um ponto a ser tratado. Os imigrantes são muitos, trazendo um problema social e uma discussão que toca e confronta muito tipo de ideologia e, consequentemente, muitas escolhas no sentido do acolhimento. Nós estamos no Brasil. Não é uma questão dos outros, é nossa também.
Qual a posição do sr. sobre casos de abuso sexual na Igreja?
A Igreja, em sintonia com o papa Francisco, tem o compromisso de combater, radicalmente, o abuso sexual. É inadmissível qualquer tipo de silêncio. E as vítimas devem receber da Igreja todo o apoio necessário. Estamos empenhados no trabalho de prevenção, não apenas no combate a esse crime abominável.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.