A Câmara dos Deputados aprovou no início da madrugada desta quinta-feira, 30, a medida provisória que determina um pente-fino nos benefícios do INSS.
O texto também modifica regras para a concessão de aposentadoria rural, eliminando o papel de sindicatos no cadastro do trabalhador do campo, com o objetivo de coibir fraudes.
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Bolsonaro fala de Previdência com crianças e brinca: Guedes vai depender do INSSGoverno quer recuperar R$ 160 bilhões de empresas inadimplentes com o INSSDecreto regulamenta comitê para gerir encontro de contas entre prefeituras e INSSProposta de deputado põe em risco perícia independente no INSSPente-fino em benefícios do INSS pode caducar; MP vence hoje"A aprovação é o primeiro passo na reestruturação do sistema previdenciário aqui na Câmara. A MP é importante porque combate fraudes no sistema.
A estimativa é que a economia anual chegue a R$ 10 bilhões. O problema (da Previdência) começa a ser enfrentado com a votação da MP. Esperamos que logo mais tenhamos possibilidade de complementar processo no Senado", afirmou Marinho após a votação.
O secretário da Previdência disse ainda esperar que nos próximos 15 dias consigam aprovar dois projetos necessários para destinar recursos do Orçamento para o pagamento do bônus aos peritos que farão o pente-fino.
A discussão da medida provisória 871/2018, que prevê medidas de combate a fraudes no INSS, quase foi derrubada por uma reação em cadeia de deputados da bancada bolsonarista e de evangélicos que exigiam a retirada do termo "gênero" da lista de informações que deveriam ser repassados ao INSS.
Os parlamentares alegavam que o termo se tratava de uma discussão de "ideologia de gênero".
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a ameaçar derrubar a sessão e, consequentemente, inviabilizar a MP. Vendo que haveria o risco de não aprovar a proposta, o líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL-GO), tentou convencer seus correligionários de que a medida era necessária e foi cercado por parlamentares do PSL aos berros. Entre os mais nervosos estava Hélio Bolsonaro (PSL-RJ), um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro. Após uma série de discussões, o grupo recuou e manteve o termo.
Os deputados aprovaram ainda a retirada dos incisos VII e VIII do artigo 22 que permitia ao governo sequestrar bens inalienáveis oriundos de fraudes. E rejeitaram o destaque do PSB que pedia aprovação de emenda dos deputados Heitor Schuch (PSB-RS) e Vilson da Fetaemg (PSB-MG) propondo a manutenção do papel dos sindicatos na comprovação do tempo de serviço do trabalhador rural. Agora, a MP transfere essa responsabilidade a órgãos subordinados ao Ministério da Economia.
O governo costurou um acordo com a oposição no plenário da Câmara dos Deputados para viabilizar a votação da medida provisória. A principal resistência dos deputados era ao dispositivo que prevê a concessão de aposentadoria especial rural apenas por meio do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) a partir de 1º de janeiro de 2020.
Após o acordo, o governo aceitou um período de transição para a exigência do cadastro, que duraria três anos.
Outro aceno que o governo deve fazer à oposição para garantir a aprovação da MP é estender o prazo para a apresentação de recurso em caso de suspensão do benefício no pente-fino que o governo pretende fazer. A MP fixou um prazo de 30 dias, que deve ser ampliado para 60 dias.
Derrota
Deputados incluíram no texto a vedação do compartilhamento de dados do cadastro dos trabalhadores rurais a entidades de direito privadas. A vedação do compartilhamento de dados traz um problema ao governo que pode ficar impedido de repassar dados a alguns órgãos como Dataprev e Funpresp. ( Estadão Conteúdo).