O partido Novo contratou a consultoria brasileira Exec, responsável pelo recrutamento de executivos de alto escalão para empresas, para selecionar potenciais candidatos para disputar oito prefeituras nas eleições de 2020.
O Novo diz que está em busca de empresários ou executivos com capacidade de gestão para disputar as eleições em São Paulo, Rio, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte e Recife.
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De vez em quando aparecem empresários regionais que desejam entrar na política e têm dinheiro para bancar suas campanhas sem precisar dos partidos. Mas recrutamento profissional, como o Novo está propondo, é uma novidade no mundo da política.
Em entrevista ao Jornal O Estado de S. Paulo, João Amoêdo, um dos fundadores da sigla e candidato derrotado à Presidência da República no ano passado, disse que busca nomes que não tenham "vícios políticos".
"Nossa exigência é que os candidatos tenham pelo menos oito anos de experiência em cargos privados ou públicos".
"Se for pensar bem, o que significa um bom gestor? Uma pessoa que saiba definir bem suas prioridades, montar uma boa equipe. Dialogar constantemente. Na iniciativa privada é assim", afirmou.
XP Investimentos
Para o analista político da XP Investimentos Richard Bach, nem sempre um bom gestor poderá ser um bom político, ou vice-versa. "O governador João Doria, por exemplo, se vendeu como um bom gestor e virou político muito rápido. Não dá para dissociar uma coisa da outra", disse o analista político.
Ainda segundo Bach, a iniciativa é interessante, desde que também não exclua que um bom gestor pode ser um bom político.
"Os partidos políticos estão em busca de renovação. O PT está com dificuldade de se reinventar. O PSL também vai ter de passar por uma renovação."
A vitória do presidente Jair Bolsonaro em 2018 foi atribuída por analistas, em grande parte, ao desgaste da imagem dos partidos tradicionais.
O recrutamento da Exec começou há cerca de um mês.
Ao passar para a segunda fase, cada candidato terá de desembolsar R$ 4 mil para continuar no processo. O partido Novo e a Exec não informaram o valor de desembolso para o recrutamento de potenciais candidatos.
"O Brasil ganharia muito em atrair um gestor. Traz credibilidade e, ao mesmo tempo, faz a renovação política que tanto se fala", disse Amoêdo, que teve quase 2,7 milhões de votos, ficando à frente de políticos conhecidos como Marina Silva (Rede) e Alvaro Dias (Podemos).
Além disso, a sigla conseguiu eleger oito deputados federais, que têm votado a favor do governo nas maioria das propostas em tramitação na Câmara.
Segundo analistas, atualmente há dificuldades para atrair gestores da iniciativa privada para o setor público, e um dos fatores para isso seria a remuneração. Amoêdo reconheceu que o setor público tem ineficiências de gestão, não remunera bem, mas há desafios em ser o gestor de uma cidade.
"Um empresário ou executivo sabe fazer uma melhor realocação de recursos. Vamos trazer gente experiente, que saiba o que é responsabilidade fiscal e possa traçar um plano estratégico, garantindo uma boa gestão", disse.
A ideia do Novo de atrair gestores para concorrer a cargos públicos começou em 2016, quando o partido estava definindo os nomes. "Vi que um partido político na África do Sul, o Aliança Democrática, tinha feito um processo seletivo muito parecido e achei interessante. Hoje esse partido representa um quarto do Parlamento."
À época, o partido acabou descartando o processo seletivo por recrutamento para decidir que a própria legenda faria as escolhas. Neste ano, a Exec já foi contratada para selecionar quatro secretários para o governador de Minas Gerais, Romeu Zema.
No Paraná, o governador Ratinho Jr. contratou a mesma empresa para buscar um profissional que possa fazer a ponte com os secretários de Estado.
Economia
Depois da estreia na política em 2018, Amoêdo disse que não pretende se candidatar em 2020, mas não descarta voltar em 2022, ano da próxima eleição à Presidência da República. "Ainda estou pensando", afirmou.
Segundo Amoêdo, o País precisa aprovar a reforma da Previdência para dar prosseguimento a outras pautas, como as privatizações e reforma tributária, além da maior abertura da economia do País.