Escolhido entre milhares de concorrentes em um processo seletivo do governo de Minas que começou na internet, o novo corregedor-geral do estado Vanderlei Daniel da Silva foi filiado ao PT por quase 30 anos e trabalhou no governo do PCdoB na Prefeitura de Contagem. A nomeação dele foi feita no dia 30 de maio pelo governador Romeu Zema (Novo). No mesmo dia, o Minas Gerais trouxe a formalização da contratação da subcontroladora de Transparência e Integridade Nicolle Ferreira Bleme, que atuou junto com Vanderlei na cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Segundo noticiou a CGE, os dois foram os primeiros nomeados no programa de seleção com vagas na internet implementado pelo governo Zema.
Crítico da esquerda e principalmente do PT nas eleições, Zema anunciou a em março a criação do processo, que chamou de Transforma Minas. A vaga de corregedor-geral foi uma das quatro primeiras ofertadas com salário de R$ 9 mil. Um dos critérios necessários era ser servidor de carreira, o deu a Vanderlei Daniel da Silva o aval para concorrer.
Governo do PCdoB
Entre as experiências de Vanderlei consideradas estão quatro anos como controlador-geral de Contagem, na gestão do ex-prefeito Carlin Moura (PCdoB). Em dois destes anos, Nicolle Bleme atuou também como controladora-adjunta.
O novo corregedor-geral do estado foi filiado ao PT de 14 de julho de 1991 até o dia 15 de janeiro deste ano, quando cancelou o vínculo com o partido, segundo informações da Justiça Eleitoral.
Vanderlei disse ao Estado de Minas que teve uma “filiação relâmpago” ao PT em 1991 e que, na época, houve um racha no partido em Santa Luzia por causa de uma eleição municipal que o levou a deixar a legenda. “Isso durou uns dois ou três meses. Depois não tive mais vínculo com o partido”, disse.
Questionado sobre a filiação constar no Tribunal Regional Eleitoral até este ano, disse que foi pego de surpresa recentemente quando foi incluído em uma leva de exonerações do governo Zema. Ele ocupava o cargo de superintendente na CGE e foi reconduzido.
“Fui checar e ainda estava filiado. O partido disse que tem esse hábito de reenviar a lista se a pessoa não comunicou a saída. Como houve o racha achei que minha saída era automática, mas tenho uma declaração do partido de que não tive qualquer atividade ou atuação nesses anos todos e a certidão de baixa na Justiça Eleitoral”, disse Vanderlei, garantindo que a passagem pelo PT não vai interferir nos seus serviços no governo.
Indicação técnica
Vanderlei disse também que trabalhou no governo de Carlin Moura porque o ex-prefeito pediu indicação técnica ao Ministério Público Estadual, que sugeriu seu nome.
O novo corregedor disse ter indicado Nicolle, na ocasião, para atuar como sua adjunta em Contagem em função da qualificação dela, que era auditora do município. “Agora ela fez parte de outro processo seletivo, não tive qualquer interferência”, garantiu.
A seleção foi conduzida pela Controladoria Geral do Estado em cinco etapas e mais de 3 mil pessoas concorreram às vagas que ficaram com Vanderlei e Nicolle. “A CGE considera que os dois são servidores públicos competentes tecnicamente para as atividades que irão exercer. Eles comprovaram experiência e demonstraram que querem fazer a diferença, trazer inovações para o Estado de Minas Gerais”, informou a Controladoria-geral do Estado em nota.
A CGE disse que a escolha de Vanderlei e Nicolle se deu por critérios técnicos e ressaltou que os dois são servidores de carreira.
Segundo a CGE, Vanderlei inciou a carreira no estado ocupando cargo de recrutamento amplo na CGE (antiga Auditoria-Geral) em 2003 e, pelo destaque do trabalho, foi convidado a ser controlador setorial na Secretaria de Defesa Social de 2006 (quando foi aprovado em concurso público) a 2012. À época, o governador era o atual deputado federal Aécio Neves (PSDB).
“(Vanderlei) saiu da Defesa Social em 2012 para ocupar o cargo de Controlador-Geral do município de Contagem. Na época, o prefeito eleito buscou um nome técnico para a vaga de controlador e Vanderlei foi o nome indicado por membros do Ministério Público, que o conheciam pelos trabalhos na Defesa Social. Desta forma, a CGE destaca que o corregedor-geral não possui qualquer vinculação político-partidária e confia na isenção demonstrada pelo corregedor durante toda a sua carreira”, explicou a CGE.