Apesar de entender que é cedo para prever os desdobramentos que virão da divulgação de conversas entre o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), não descartou, nesta segunda-feira, a possibilidade de anulação dos processos resultantes da operação, o que inclui as acusações e condenações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dezenas de outros políticos.
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'Não tem orientação nenhuma ali', diz Moro antes de abandonar entrevistaCandidatos à PGR se dividem sobre mensagens de Moro e Dallagnol'Conversa privada é conversa privada', afirma Mourão sobre mensagens de Moro'Muito Barulho', diz Moro sobre conversas reveladas por site'Moro me garantiu que não houve desvio de conduta', afirma JoiceJulgamento no STF pode impactar 32 condenações da Lava-Jato; entendaPara advogados, escândalo da Lava-Jato pode anular condenação de LulaQuase 100 mortos e 19 desaparecidos em matança em vilarejo no MaliO ministro criticou ainda a forma de agir de Moro, que na época dos diálogos era responsável por julgar as ações da Lava-Jato, e os procuradores responsáveis pela operação. "Vejo com péssimo olhos. O diálogo a ser mantido pelo juiz com o Ministério Público, que é Estado acusador, e com os advogados de defesa deve ocorrer no processo. Ou seja, de forma transparente e pública", avaliou.
Troca de mensagens
Os diálogos entre Moro e Dallagnol e entre os procuradores entre si foram publicados pelo The Intercept Brasil e, segundo o site, mostram o ex-juiz e Dallagnol em uma constante troca de mensagens, que incluiria sugestões de Moro sobre como proceder nas investigações e até mesmo a indicação de possíveis testemunhas. As conversas teriam ocorrido antes da primeira condenação do ex-presidente Lula, a quem Moro sentenciou a mais de nove anos de prisão.
Após divulgar nota no domingo, na qual afirmava que não existia anormalidade nos diálogos publicados pelo Intercept, Sergio Moro negou, nesta segunda-feira, que tenha dado qualquer tipo de orientação à força-tarefa da Lava-Jato. "Não tem nenhuma orientação ali naquelas mensagens", disse o ministro.
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