A dois dias da greve geral - movimento que pretende protestar contra a reforma da Previdência que tramita no Congresso -, marcada para sexta-feira (14), o tema movimentou o plenário da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) nesta quarta-feira.
“Quero me dirigir aos servidores da Câmara Municipal. Sexta-feira não é dia de trabalho é dia de greve geral. Qualquer trabalhador que tem o mínimo de consciência, de perspectiva de direito, que não venha trabalhar. Sejam servidores da Casa ou dos gabinetes”, afirmou Gilson Reis, e completou, exaltado, com a ordem aos que trabalham com ele: “No meu gabinete eu determinei que quem vier trabalhar na sexta será demitido na segunda”.
A fala de Gilson Reis foi seguida de interferência da presidente da Casa, vereadora Nely Aquino (PRTB), que fez um alerta aos parlamentares. “Quero dizer que os vereadores que se ausentarem da reunião plenária levarão falta”, afirmou.
Outros parlamentares também se manifestaram sobre o tema durante o pinga-fogo – espaço reservado aos vereadores para comentarem assuntos diversos, mesmo que sem ligação direta com os projetos em pauta.
O vereador Mateus Simões (Novo) classificou como “absurda” a determinação de Gilson Reis e fez críticas à esquerda, que, no entender dele, está conduzindo mal o processo, no momento em que o país precisa de ajustes. Além disso, ressaltou que a prática é crime. “Tentar extorquir o trabalhador para participar desse tipo de movimento é uma deslealdade, um crime”, disse. A situação é conhecida como "loucaute", quando o patrõa incentiva o funcionário à aderir a greve.
Por sua vez, a vereadora Cida Falabella (PSOL) ressaltou a importância do movimento marcado para sexta-feira, mas ponderou sobre a participação dos trabalhadores, contrapondo o que disse o colega do PCdoB. “A esquerda tem suas diferenças. Nós vamos construir a greve por adesão, porque ninguém decreta greve”, disse.
Ainda segundo Cida, a determinação de cortes, como os feitos na educação que afetam o funcionamento das universidades públicas, exige mobilização. “Não tem jeito de fazer democracia sem rua”, disse.