Apontado pelo ex-presidente da Funai, general Franklimberg Ribeiro de Freitas, como o principal articulador de sua saída do órgão indígena, o secretário especial de Assuntos Fundiários, Luiz Antônio Nabhan Garcia, disse que o general foi demitido porque "é um jogador incompetente".
Ao deixar o comando da Funai, na semana passada, Franklimberg afirmou que Nabhan "saliva ódio aos indígenas". O secretário rebateu as declarações do general. "É mentira. Estou pensando em processá-lo, por calúnia", respondeu.
Nabhan disse ainda que o líder indígena Raoni não foi recebido pelo presidente Jair Bolsonaro porque o cacique "é uma farsa" e "não representa índio". O secretário defende mudanças na política indígena do País, já que hoje, segundo ele, o índio vive "como um bicho, um subnutrido, em condições desumanas". Nabhan, à frente da secretaria vinculada ao Ministério da Agricultura, paralisou processos de demarcação de terras indígenas e disse que é preciso banir ONGs das relações com os índios.
O senhor pediu a demissão do presidente da Funai, Franklimberg de Freitas?
Eu não tenho nada a ver com a demissão do Franklimberg.
A bancada ruralista pressionou pela troca de comando da Funai?
Havia uma insatisfação da bancada ruralista, isso é evidente. Não dá para esconder.
O senhor pediu para aumentar o número de cargos comissionados na Funai?
Isso é tudo mentira. Essa história de que eu queria 50 e poucos cargos é mentira. Quando a medida provisória (MP 870, que tirava a Funai do Ministério da Justiça e a transferia para o Ministério da Agricultura) estava em vigor, a Funai deveria ter me passado seu organograma, mas ele se negou a passar. Além disso, ele não pode passar por cima das determinações legais de um presidente. Ele sabia que o presidente não quer mais essa insegurança jurídica.
Quem vai assumir a Funai?
Eu não sei de nada. Essa é uma decisão do presidente da República e do ministro Sérgio Moro (da Justiça). O que posso dizer é que o presidente quer uma Funai que respeite a Constituição brasileira. Nós já estamos trabalhando junto ao Congresso para criar uma legislação para que os índios também tenham seus direitos respeitados como cidadão, para que tenham o direito de produzir.
Franklimberg disse que o senhor "saliva ódio aos indígenas".
Isso é uma mentira. Eu, inclusive, estou pensando em processá-lo, por calúnia. Em poucos meses, estou mantendo e criando uma amizade muito maior com as etnias indígenas do que ele.
O líder indígena Raoni não conseguiu ser recebido pelo presidente Bolsonaro. Por quê?
Porque ele é uma farsa. Não representa índio.
Como a Funai deve atuar?
A Funai é um órgão que tem de defender os índios na saúde, na educação, na logística. O índio tem que ter a oportunidade de ter um filho mestre, advogado. Tem que ter uma estrada boa. Você vai nessas aldeias, às vezes nem consegue chegar de carro. Eles estão jogados lá, em condições desumanas.