Jornal Estado de Minas

Deputados do partido de Zema na ALMG querem recompensa por economizar

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Os deputados estaduais que economizarem a verba indenizatória de R$ 27 mil mensais disponibilizada pela Assembleia Legislativa de Minas poderão ter, como recompensa, um valor maior que o dos colegas no orçamento do estado para destinar às bases eleitorais. Isso se a Casa aprovar as emendas propostas pelos deputados Laura Serrano e Bartô, ambos do Partido Novo, à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2020. O extra pode chegar a até R$ 324 mil por ano, ou R$ 1,29 milhão nos quatro anos de mandato.

A execução das emendas dos deputados ao orçamento passou a ser impositiva este ano. Cada um dos 77 parlamentares tem direito a uma cota individual de cerca de R$ 5 milhões para destinar a municípios ou entidades que compõem suas bases. A prática costuma se reverter em votos nas urnas, o que garante a manutenção dos mandatos.

''Hoje a economia que fazermos volta para o orçamento da Assembleia e o que deixa de ser gasto volta para o Executivo, que tem o poder de dar um fim a esse recurso. Queremos mudar essa forma", Bartô (novo), deputado estadual - Foto: Ricardo Barbosa/ALMG
Pela emenda de Laura Serrano, “incluem-se no total de emendas parlamentares individuais para cada deputado o valor correspondente à economia de verbas indenizatórias disponíveis e não utilizadas por seu gabinete parlamentar no exercício de 2019”. Já o texto proposto pelo colega Bartô diz que o orçamento “poderá conter destinação específica para as economias realizadas por parlamentares em relação à verba disponibilizada em orçamento para o exercício do seu mandato”.

Laura e Bartô fazem parte de uma nova safra de deputados estaduais da Assembleia e fazem questão de divulgar o quanto economizam para os cofres públicos com as verbas que deixam de usar. A estratégia é semelhante à do partido pelo qual se elegeram, que divulgou amplamente durante a campanha eleitoral o fato de não usar verba do fundo partidário nas eleições. Dados do Portal da Transparência mostram que, desde o início do mandato, Laura Serrano gastou R$ 6.220,19 (em março e abril) e Bartô outros R$ 17.792,38 (relativos a março, abril e maio) da verba indenizatória.
De fevereiro a maio eles teriam direito a acumular R$ 81 mil.


Segundo a deputada, a emenda que redireciona a verba indenizatória é uma forma de destinar o dinheiro carimbado para os gabinetes parlamentares para a população. Laura explica que isso fará com que, em vez de pagar itens como combustível, passagens ou ações de divulgação do mandato, o dinheiro possa ser gasto com obras em escolas ou hospitais, por exemplo. “É uma forma de tentar incentivar os parlamentares a economizar no Legislativo e mudar a lotação dos recursos. A ideia é que o parlamentar que economizou possa destinar o recurso de acordo com o objetivo dele”, disse.

Os cerca de R$ 300 mil anuais, segundo ela, podem servir para reformar duas escolas. A deputada reconheceu que a verba extra para os deputados dará alguma vantagem aos contemplados, que pode ser usada como forma de ampliar os votos nas bases. “Mas, na prática, o deputado destinará os recursos para a população. E é melhor destinar, mesmo que ganhe capital político, do que gastar com o gabinete”, afirmou a deputada do Novo.
Cálculos da parlamentar indicam que, nos primeiros cinco meses de mandato, os deputados usaram cerca de 65% da verba indenizatória. “Nossa ideia é incentivar para que a economia seja maior ainda”, disse.

O colega de bancada, Bartô, reforçou querer que a economia nos gabinetes seja usada para fins específicos. “Hoje a economia que fazemos volta para o orçamento da Assembleia e o que deixa de ser gasto volta para o Executivo, que tem o poder de dar um fim a esse recurso. Queremos mudar essa forma”, explicou o parlamentar.

O deputado disse querer destinar a verba que não usou a pessoas que atuem como agentes de mudança na sociedade. Ele citou o exemplo de um juiz de Juiz de Fora que faz melhorias em um complexo presidiário. “Um dos princípios do liberalismo é o do indivíduo como agente de mudança. São pessoas que não se acomodam e fazem milagres com o recurso que têm na mão. Queremos dar meritocracia e encaminhar o recurso para pessoas como essas”, explicou.

As emendas serão analisadas pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembleia antes de passar pelo plenário da Casa, onde serão votadas em turno único.
''Na prática, o deputado destinará os recursos para a população. E é melhor destinar assim, mesmo que ganhe capital político, do que gastar com o gabinete'', Laura Serrano (Novo), deputada estadual - Foto: Luiz Santana/ALMG

Emendas pedem garantia para reajuste dos servidores


Os deputados estaduais apresentaram 156 emendas ao projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do governo de Minas para o ano que vem. Entre as mudanças sugeridas ao texto que serve como parâmetro para a definição do orçamento – que traz uma previsão de rombo de R$ 11,3 bilhões – os parlamentares querem obrigar o governador Romeu Zema (Novo) a incluir recursos para fazer a revisão anual dos salários do funcionalismo, de acordo com os índices de inflação.

A recomposição, que não foi feita no governo passado, está prevista em emendas apresentadas pelos deputados João Vítor Xavier (Cidadania), Delegada Sheila (PSL) e Beatriz Cerqueira (PT).
Pelo texto enviado pelo governador, as despesas com pessoal “poderão” considerar a revisão geral anual. Os parlamentares mudam o artigo da proposta que trata do tema, passando a ordenação de gasto para o imperativo ao dizer que o orçamento deverá ou considerará a verba necessária.

A emenda da Delegada Sheila fala em garantia da “recomposição salarial dos servidores públicos referente às perdas inflacionárias dos últimos anos”. Ela também quer a garantia do pagamento integral no 5º dia útil do mês. Já Beatriz Cerqueira apresentou emenda para incluir, ainda, a obrigatoriedade de o governo reajustar os salários da educação para pagar o piso nacional da categoria, o que não foi feito pelo ex-governador Fernando Pimentel, que é do mesmo partido dela. Mesmo aprovando duas vezes legislações para tornar o cumprimento do piso, que este ano é de R$ 2.557,74, automático, o governo petista não chegou ao valor, alegando impedimentos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Outro tema recorrente das emendas foi a limitação das áreas para as quais os deputados estaduais podem dedicar as emendas impositivas. Para mudar o texto do governo foram apresentadas sugestões dos deputados Sávio Souza Cruz (MDB), Fernando Pacheco (PHS), Delegada Sheila, Professor Cleiton (DC), João Vitor Xavier, Celinho do Sintrocel (PCdoB), Raul Belém (PSC) e uma coletiva do bloco Democracia e Luta.

Os trechos que os deputados querem retirar da LDO dizem que 10% das emendas individuais serão para ações e serviços de educação e 2% para a ação orçamentária de Apoio e Coordenação da Transferência de Recursos. Segundo Sávio, já existe previsão de percentuais mínimos de destinação das emendas parlamentares e não se justifica a ampliação dos índices, “sob pena de submeter as demandas parlamentares à discricionariedade do poder.”

O emedebista registra ainda ser “injustificável” a destinação de recursos para a operacionalização das transferências dos recursos. De acordo com ele, R$ 7,8 milhões seriam separados para esse fim no texto do Executivo. Quem também justifica a mudança é Celinho do Sintrocel, para quem “não pode ser suportado pelas emendas parlamentares custos do executivo inerentes à sua função”.
 
 


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