Jornal Estado de Minas

Vereador de BH tem pedido de cassação por dizer que demitiria funcionário que não fizesse greve


A Câmara Municipal de Belo Horizonte pode ter que lidar com o terceiro processo de cassação nesta legislatura. Isto porque, na tarde desta segunda-feira, mais um pedido foi protocolado, desta vez, contra o vereador Gilson Reis (PCdoB). O motivo foi a orientação dada por Reis aos funcionários, na semana passada, de que, caso comparecessem à Casa na sexta-feira, data planejada para greve geral, seriam exonerados. 

O pedido foi protocolado hoje por Caio Coelho. Ele argumenta na representação, segundo a Câmara, que a atitude do parlamentar atentaria contra a dignidade do mandato.


Na quarta-feira da semana passada, Gilson Reis conclamou os servidores da Casa a participarem do ato. Porém, foi mais duro com os funcionários do gabinete dele que, caso batessem ponto, seriam demitidos. “No meu gabinete eu determinei que quem vier trabalhar na sexta será demitido na segunda”, disse.


Procurado hoje, o vereador afirmou que não tinha tomado consciência do pedido de cassação, porém, disse estar tranquilo. Ele considerou a fala dira no plenário da Câmara era mais “força de expressão” para chamar atenção para a necessidade de conscientização dos trabalhadores sobre a política de perda de direitos em vigência no país.

Situação representada pela proposta de reforma da Previdência, em tramitação no Congresso, e pelos cortes na educação, promovidos pelo governo federal. Essas pautas estavam nos protestos realizados na última sexta-feira.


O vereador no entanto lançou dúvidas sobre a intenção do autor do pedido. “Não sei qual o objetivo da pessoa. Essa denúncia é para a pessoa aparecer ou para se projetar politicamente. Mas, vamos procurar nossos advogados e ver qual a situação. Eu sou contra a reforma da Previdência que está lesando milhões de trabalhadores. Por isso, tô tranquilo, porque neste país atualmente quem se posiciona em favor do trabalhador é atacado mesmo”, disse.


Outros casos 

 


Atualmente, os vereadores já se debruçam sobre outro processo de cassação que tramita na Câmara contra Cláudio Duarte (PSL).

Ele foi denunciado à Justiça pela prática de “rachadinha”, que é quando funcionários do gabinete devolvem parte do valor do salário recebido. A comissão processante deve apresentar o relatório indicando a perda do mandato, ou não, em agosto.


Além disso, na semana passada, o vereador Mateus Simões (Novo) afirmou que representará pela perda do mandato contra o colega Wellington Magalhães (DC), por quebra de decoro. Segundo ele, Magalhães causa “constrangimento” à Casa por ser investigado por um esquema de desvio de recursos públicos em contratos de publicidade da Câmara da ordem de R$ 30 milhões.

Ele ficou afastado do cargo por mais de um ano, mas teve o retorno nesta segunda-feira garantido pela Justiça.

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